O operador financeiro Lúcio Funaro afirmou, em um novo depoimento à Polícia Federal (PF), que o ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ) repassava propina ao presidente Michel Temer desde “2003 ou 2004”. O depoimento do operador, obtido pelo GLOBO, foi tomado no inquérito dos Portos, com o objetivo de obter novas provas de pagamentos ilícitos ao presidente envolvendo o setor portuário.
Funaro acrescentou novos detalhes além das informações prestadas em sua delação premiada, fornecendo uma cifra inédita aos investigadores: o delator identificou que Altair Alves Pinto, apontado como transportador de dinheiro de Eduardo Cunha, retirou ao menos R$ 90 milhões em espécie do seu escritório. “Dentre esses pagamentos o depoente pode afirmar com certeza que alguns destes valores ilícitos tiveram como destino direto o presidente Michel Temer”, disse no depoimento.
TEMER E YUNES – O operador relatou que Altair Alves Pinto retirava os valores no seu escritório em São Paulo e os entregava no escritório de Temer ou no do advogado José Yunes, amigo do presidente. “Tem conhecimento que desde 2003 ou 2004 Eduardo Cunha repassava valores decorrente de ‘propina’ para o senhor Michel Temer e que por algumas vezes o senhor Altair Alves Pinto retirava dinheiro no escritório do depoente e entregava no escritório do presidente Michel Temer ou para José Yunes, tendo também como destinatário final Michel Temer, conforme relatado por Altair”, afirmou.
Procurada para comentar, a assessoria de Temer afirmou: “Lucio Funaro é um mentiroso contumaz já desmentido por outras testemunhas e pelos fatos. Fala sem provas e cria falsas versões”.
GRUPO LIBRA – Em seu novo depoimento, Funaro também deu detalhes sobre o relacionamento entre o dono do grupo Libra, Gonçalo Torrealba, e Eduardo Cunha. Segundo o operador, Torrealba emprestava um helicóptero para uso de Cunha durante suas campanhas eleitorais e ambos também viajavam juntos a lazer, com suas famílias.
O operador diz ainda que Gonçalo Torrealba atuou para impedir que o empresário Júlio Camargo delatasse Eduardo Cunha, em um caso envolvendo propina em contrato da Petrobras. Camargo, de fato, em um primeiro momento omitiu a participação de Cunha nos fatos criminosos, só admitindo o envolvimento do deputado após ter sido pressionado pela Procuradoria-Geral da República.
Era uma das primeiras delações da Operação Lava Jato e a citação a Cunha foi o início da sua derrocada, que culminou com sua prisão em outubro de 2016.
MP DOS PORTOS – Segundo Funaro, Cunha e outros emedebistas defenderam os interesses de determinadas empresas do setor portuário na votação da MP dos Portos, em 2013, dentre elas o grupo Libra e a Rodrimar. “Eduardo Cunha comentou com o depoente que teria resolvido a vida de Gonçalo Torrealba e grupo Libra com alteração na MP relacionada ao setor portuário, no final de 2013”, afirmou no depoimento.
Temer já havia negado em depoimento prestado por escrito à PF o recebimento de qualquer pagamento indevido. Torrealba e o grupo Libra também já afirmaram que não se beneficiaram indevidamente na administração pública e fizeram doações dentro da lei.
Em nota, a defesa de Cunha afirmou que “Lucio Funaro não apresenta quaisquer provas sobre suas infundadas acusações”.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – As evidências contra Temer vão se acumulando na força-tarefa da Lava Jato. Para garantir a liberdade, é melhor que Temer imite Paulo Maluf e Jorge Picciani, e comece a usar fraldas geriátricas a partir de agora, para comover os ministros do Supremo. (C.N.)
26 de agosto de 2018
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