"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

TEMER FAZ UMA OPERAÇÃO DE COMPRA E VENDA PARA VOTAR A REFORMA DA PREVIDÊNCIA

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Charge do Jota A (Portal O Dia/PI)
Reportagem de Adriana Fernandes, Vera Rosa e Idiana Tomazelli, O Estado de São Paulo desta quinta-feira, revela com destaque uma vergonhosa operação de compra e venda de deputados pelo Presidente Michel Temer, no sentido de que tentem aprovar a reforma da Previdência Social nos termos desejados pelo governo. Uma vergonha, onde está a consciência dos parlamentares que possuem dúvida quanto ao êxito de tal reforma? Onde está a consciência de Michel Temer e do ministro Henrique Meirelles, verdadeiro líder do movimento? O Palácio do Planalto já possui uma imagem ruim junto à opinião pública, ficará ainda pior.
Pior também para os recursos públicos. Isso porque, dispostos a negociar seus votos no balcão da história, os deputados querem, em vez de R$ 3 bilhões, um total de R$ 5,5 bilhões para serem distribuídos a prefeitos municipais onde têm suas bases políticas.
RENÚNCIA FISCAL – Mas não é só isso. Eles querem também uma renúncia fiscal da ordem de 22,8 bilhões, constituída principalmente através de anistia e de parcelamentos em 15 anos das dívidas que produtores rurais acumularam ao longo dos anos para com o INSS e o Funrural. Na Câmara, o deputado Beto Mansur comanda o balcão aberto aos que pretendem vender o voto.
No Planalto, as duas principais figuras que querem atravessar a ponte utilizam-se do ministro Eliseu Padilha, verdadeiro articulador da base política do Executivo no Congresso. Não sei por qual razão o ministro Antonio Imbasahy ainda não se demitiu ou não foi demitido.
O governo avalia possuir 260 votos certos, mas a emenda constitucional que aumenta o limite de idade necessita de 308 votos em duas sessões. O problema não está nas duas sessões. Encontra-se numa vergonhosa compra de consciências e disposições. Os que querem vender o voto sequer examinam o conteúdo e os reflexos da matéria. Preocupam-se apenas com os reflexos para seus próprios interesses.
AVAL DE MEIRELLES – E Michel Temer segue em frente. Atravessou a Esplanada de Brasília e submeteu a barganha à analise da equipe econômica chefiada por Henrique Meirelles. O enígma a ser decifrado talvez não esteja no voto, mas sim na voz dos bancos que operam em larga escala no setor da Previdência Privada. ESses bancos receberam de janeiro a novembro deste ano recursos da ordem de 40,5 bilhões de reais vinculados a planos de Previdência Complementar. Sua força é muito grande, tanto assim, como publiquei ontem, sua captação atingiu este ano um total de 720 bilhões de reais.
Tal montante supera até o total de recursos aplicados nas Cadernetas de Poupança que atingiram, agora, neste mês, R$ 700 bilhões. Portanto, como se vê, é intensa e legítima a preocupação da sociedade brasileira para com seu futuro pessoal. Mas esta preocupação não pode ultrapassar, é claro, a capacidade de aplicação mensal nos fundos previdenciários abertos. Isso de um lado.
OS EXCLUÍDOS – De outro lado, evidentemente, cerca de 80% da mão de obra ativa brasileira, cujo total é de 104 milhões de pessoas, não têm capacidade de adquirir seguros sociais e de saúde. Enquanto isso, o governo Michel Temer não se mostra capaz de voltar sua atenção para os grupos de renda menor.
Estamos no Brasil, país em que o salário médio é de 2,3 mil reais por mês. Com salários tão baixos, como a maioria da população pode adquirir planos previdenciários privados de valores mais altos do que sua renda? A resposta cabe ao presidente da República, porque a população, através da recente pesquisa do Datafolha já respondeu por si.
CORREIO DA MANHÃ – Apenas para lembrar: neste sábado, dia 9, mais um almoço que tradicionalmente reúne os jornalistas que trabalharam no Correio da Manhã. O jornal começou a desabar quando seus proprietários afastaram Luiz Alberto Bahia do cargo de redator-chefe, que ele dignificou, sucedendo a Antonio Callado. O jornal morreu em 1974.
Seus sobreviventes revivem uma memória que jamais se perderá.

08 de dezembro de 2017
Pedro do Coutto

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