Quando comecei a trabalhar na imprensa (“Jornal do Brasil”, 1952), o assunto principal da mídia carioca era a construção do metrô, que só foi concretizada muitos e muitos anos depois. Correndo por fora, em matéria de importância jornalística, era saber onde estavam os ossos de Dana de Teffé, uma ex-bailarina tcheca. Era espiã comunista e foi morta pelo seu amante, o advogado Leopoldo Heitor, que embrulhou toda a justiça com o argumento de que não foram encontrados os ossos da assassinada.
Houve também um período em que o grande jornalista Luiz Paulistano, do “Diário Carioca”, empolgou a cidade e o país com a história de um urubu que ficou morando em cima da cúpula da Candelária.
GRANDES ASSUNTOS – Bons e emocionantes assuntos que vendiam jornais e revistas. Davam informações relevantes aos leitores. Bons e também emocionantes, a mídia em geral, incluindo agora a TV e as redes sociais, praticamente só tem um assunto: a corrupção que coloca o Brasil num estágio de internato colegial. Não se trata da corrupção do Estado brasileiro, sendo considerada a maior e mais deletéria da história do país, cuíca do mundo.
O assunto que está em plantão, horrorizando gregos, troianos e niteroienses, são as delações, premiadas ou não, que colocam todos os cidadãos e cidadãs na marca do pênalti, podendo ir curtir a amenidade do clima em Bangu 1 ou 2, sem esquecer a Papuda.
DESDE CABRAL – Qualquer um, inocente ou culpado, pode ser investigado e punido por conta dos milhões de dólares e reais que lubrificaram, ao que parece, todas as obras e realizações no Brasil, desde Pedro Álvares Cabral até Eike Batista e Eduardo Cunha.
Se Jesus Cristo aparecesse de repente no Eixo Monumental de Brasília, a informação seria uma pequena nota na coluna do Ancelmo Góis e um brilhante comentário escrito por Elio Gaspari.
14 de março de 2017
Carlos Heitor Cony
Folha
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