"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

TEMER FICA EM SILÊNCIO E CONVOCA REUNIÃO, QUE É A MELHOR FORMA DE GOVERNANTES SE OMITIR


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Até o Papa se manifestou, mas Temer continua em silêncio
Em silêncio até agora sobre o massacre no presídio Anísio Jobim, em Manaus, que deixou 56 mortos entre domingo e segunda-feira, o presidente Michel Temer fará nesta quinta-feira uma reunião ministerial para discutir a situação das prisões no país. O massacre é o segundo maior em presídios na História do Brasil. Enquanto o Papa Francisco manifestou tristeza com as mortes, o governador do Amazonas, José Melo (PROS), disse que não há nenhum “santo” entre as vítimas da chacina.
Devem ir ao Palácio do Planalto os ministros Alexandre de Moraes (Justiça), Raul Jungmann (Defesa), Grace Mendonça (Advocacia-Geral da União), José Serra (Relações Exteriores), Dyogo Oliveira (Planejamento), Eliseu Padilha (Casa Civil), Sérgio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional) e Torquato Jardim (Transparência). O grupo é denominado “núcleo institucional”, e não era convocado havia meses.
DELEGOU AO MINISTRO – No Planalto, busca-se minimizar o fato de Temer não ter se manifestado oficialmente. Um auxiliar disse que não há necessidade de o presidente fazer declarações sobre o caso, porque ele delegou ao ministro da Justiça a missão de cuidar dos desdobramentos da rebelião. A justificativa é que o ministério se manifesta pela Presidência. Outro assessor afirmou que seria prejudicial levar a crise para o Palácio do Planalto.
“O presidente não tem que se manifestar sobre tudo. Ele deu ao ministro da Justiça a missão de acompanhar, no local, o que houve e o que pode ser feito. A manifestação do presidente são as ações que ele está tomando” — disse esse auxiliar do presidente, citando que, no fim do ano passado, o governo liberou R$ 1,2 bilhão do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen) para que os estados investissem na melhora da infraestrutura das prisões. Para o Amazonas, foram liberados R$ 44 milhões.
PELO TWITTER – Entretanto, no último domingo, quando 12 pessoas foram mortas em Campinas por um auxiliar de laboratório, que matou o próprio filho e se matou em seguida, Temer usou o Twitter para se solidarizar às famílias das vítimas. “Lamentamos profundamente as mortes ocorridas em Campinas, Manifestamos nosso pesar junto às famílias. Que 2017 seja um ano de mais paz!”, postou o presidente.
Desde que assumiu o Planalto, há oito meses, Temer costuma se manifestar por notas oficiais após tragédias com mortes. Isso aconteceu nos últimos três meses, por exemplo, após o acidente com o time da Chapecoense, a morte do arcebispo emérito de São Paulo Dom Paulo Evaristo Arns e do ex-presidente e ex-primeiro-ministro israelense Shimon Peres. Apesar do silêncio sobre o massacre em Manaus, Temer foi ativo no Twitter: só ontem, foram cerca de 15 mensagens publicadas.
SEM COMENTÁRIOS – Desta vez, Temer não fez declarações. Somente o massacre do Carandiru, em São Paulo, em 1992, supera o do presídio de Manaus em número de mortos.
Na quarta-feira, Temer recebeu Alexandre de Moraes fora da agenda oficial. O ministro da Justiça tratou do caso com o presidente. No entanto, os possíveis encaminhamentos só deverão ser tomados na reunião de hoje.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Até o Papa Francisco se pronunciou, diante da gravidade da chacina. O silêncio de Temer, portanto, é constrangedor. Como todos sabem, convocar reunião é a melhor forma de governante se omitir. A atitude certa de quem administra uma nação é chamar a si a responsabilidade e tentar evitar que os graves problemas se repitam. Mas Temer certamente tem outras preocupações… E eu já ia esquecendo: parece brincadeira realizar uma reunião para discutir questões criminais e convocar um ministro que está com bens bloqueados, cujos empregados tiveram 18 armas de fogo aprendidas pela Polícia, inclusive fuzis com mira telescópica. Mas é brincadeira sem graça, embora até mereça inscrição como Piada do Ano. (C.N.)

05 de janeiro de 2017
Carolina Alencastro e Eduardo Barreto
O Globo

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