"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 24 de junho de 2016

SISTEMA DE CONTROLE DE PROPINA DA ODEBRECHT FUNCIONOU ATÉ O MÊS PASSADO



Charge do Oliveira (oliveiradesenhosefotos.com)

















O sistema de informática “Drousys”, que controlava as transações do “banco da propina” — comprado pela Odebrecht para operacionalizar pagamentos no exterior —, pode ter funcionado até o mês passado. Em depoimento à Justiça Federal, Camilo Gornati, responsável pela manutenção do programa de controle do “Setor de Operações Estruturadas” da empreiteira, afirmou que um servidor reserva ficou ativo até o “mês passado ou retrasado” quando o Ministério Público da Suíça bloqueou o acesso.
— Foi criado um segundo portal de acesso (ao “Drousys”) que ficava em outro data center também na Suíça — afirmou Gornati, que questionado pela força tarefa da Lava-Jato até quando o novo servidor funcionou, explicou: — Até mês passado ou retrasado, pode se dizer que sim (o servidor estava funcionando).
Gornati foi interrogado na terça-feira na na ação sobre a 26ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Xepa. Ele explicou que um primeiro servidor onde estavam armazenados os dados sobre as operações bancárias foi bloqueado pela Suíça em 2015. E que desde então, um outro servidor, também localizado no país, ficou em atividade.
BANCO DA PROPINA – O responsável pela manutenção disse ainda que a escolha da Suíça para manter os servidores do sistema se deu por “segurança”: — O que me falaram é que era mais seguro deixar na Suíça — disse Gornati.
Dados do sistema “Drousys”, a que a força tarefa da Lava-Jato teve acesso, revelam que a Odebrecht mantinha pelo menos 42 contas no Caribe que abasteceram 28 offshores com mais de US$ 132 milhões da Odebrecht. Em delação premiada, o operador Vinícius Borin afirmou que a Odebrecht comprou, através de terceiros, o Meinl Bank Antígua, no arquipélago de Antígua e Barbuda, onde operou US$ 1,6 bilhão nos últimos seis anos. Além de Borin, assinaram delação os também operadores Luiz Augusto França e Marco Pereira de Souza Bilinski.
O Meinl Bank Antígua foi adquirido em 2010 por executivos ligados ao grupo e movimentou cerca de US$ 1,6 bilhão em mais de 40 contas. Segundo Borin, a compra de 51% do banco foi fechada por US$ 3,984 milhões e o restante permaneceu com o Meinl Bank Viena. Mais tarde, o grupo exerceu opções de compra e chegou a deter 67% das ações da instituição.
EM NOME DE TERCEIROS – As contas que operavam para a Odebrecht foram abertas em nome de terceiros, como o Fernando Migliaccio, que foi funcionário do grupo, e Olívio Rodrigues Junior, que foi sócio da Graco Corretora.
Borin disse que todos os executivos ligados à operação do Meinl Bank tinham codinomes e senha do programa de computador criado para movimentar propina. No depoimento dado à Justiça na terça-feira, Camilo Gornati confirmou a informação.
As contas movimentadas no Caribe foram usadas pela Odebrecht para fazer repasses ilegais a agentes públicos e políticos, de acordo com as investigações da Lava-Jato. A força tarefa identificou o repasse de US$ 16,633 milhões pagos à ShellBill, que pertence ao publicitário João Santana, responsável pelas campanhas de marketing do PT à presidência — as duas que elegeram Dilma Roussef e a do ex-presidente Lula, em 2006.

24 de junho de 2016
Renato Onofre e Cleide Carvalho
O Globo

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