"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 1 de março de 2016

LULA ERRA AO RECORRER AO SUPREMO CONTRA INVESTIGAÇÕES SOBRE ELE



Charge do Paixão, reprodução da Gazeta do Povo/PR



















O ex-presidente Lula cometeu um erro ao recorrer ao Supremo Tribunal Federal contra as intimações que recebeu do Ministério Público para explicar questões que o vinculam a possível propriedade do apartamento do Guarujá e do sítio de Atibaia. A iniciativa foi revelada no sábado pelos repórteres Andreza Matais e Fausto Macedo, O Estado de São Paulo, e complementada na edição de domingo do mesmo jornal em reportagem de Ricardo Brandt.
Alegou o ex-presidente que são duas as investigações a que responde: uma do Ministério Público de São Paulo, outra do Ministério Público Federal. O que tem isso? Não há necessidade de recurso ao Supremo. Ao fazê-lo, Lula dá a impressão que deseja, no fundo, evitar fornecer as explicações que se tornam necessárias, principalmente depois do episódio que culminou com a prisão do marqueteiro João Santana e da publicitária Mônica Moura, ambos titulares da empresa que operou trabalhos de marketing para governos do PT, tanto de Luís Inácio da Silva, quanto de Dilma Rousseff.
De acordo com a Revista Época, que está nas bancas, eles receberam pagamentos das mesmas fontes que os patrocinaram em campanhas eleitorais, no Brasil e no exterior e afirmaram que a origem dos pagamentos foi parcialmente a Odebrecht, também responsável por obras no sítio de Atibaia.
E O BUMLAI?
A defensiva de Lula nada lhe acrescenta em matéria relativa à iniciativa do Ministério Público. Difícil acreditar na versão que ele acrescentou ao STF de que o pecuarista José Carlos Bumlai ofereceu-se para realizar benfeitorias em Atibaia. A explicação não convence, mas não é esta  questão essencial. A questão essencial, sobretudo sob o ângulo político, encontra-se na clara tentativa de obter do Supremo um novo adiamento para apresentar suas explicações, uma vez que o primeiro adiamento já se encontra ultrapassado e rejeitado pelo Conselho Nacional do Ministério Público. O que pode acontecer agora?
Se o Supremo não acolher o pedido, o ex-presidente ficará numa situação muito ruim. Se o STF concluir pelo desmembramento da duplicidade, nem por isso Lula será dispensado de esclarecer os pontos controversos dos assuntos Guarujá e Atibaia. Se o Supremo responder que a decisão do pedido cabe ao Procurador Geral da República a posição de Lula ficará pior ainda, pois terá recorrido ao endereço errado. O que não pode ocorrer, seja qual for a decisão do STF, é Lula ser desobrigado a fornecer explicações, mesmo porque não é este o fato que norteia o conteúdo do recurso.
À LUZ DA VERDADE
Com tal recurso, ao invés de procurar uma sombra jurídica, o ex-presidente se expõe ainda mais a luz da verdade.
O que seria normal em seu comportamento seria a vontade de querer esclarecer, de forma veloz as versões desencontradas a respeito das duas propriedades. E não tentar, como no fundo está fazendo, escapar de fornecer a versão real dos fatos. Seus advogados, a meu ver erraram, porém errou muito mais o próprio ex-presidente da República.

01 de março de 2016
Pedro do Coutto

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