"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

PASTERNAK E A ADORAÇÃO POR MAYAKOVSKY

Chacrinha, o maior pensador brasileiro, dizia que veio para confundir, não para esclarecer. 
A poesia de Pasternak faz o caminho inverso, parte de temas cerebrais e obscuros para a simplicidade pastoral. 
Pasternak revela em sua autobiografia parcial, Safe Conduct (escrita em 1931) que foi Mayakovsky, o homem e a sua poesia, quem implodiu sua visão de mundo e seu mundo. Implodiu não, Mayakovsky foi uma bomba atômica na cabeça meandrosa transbordando de filosofia germânica (ou seja, merda) de Pasternak. Pasternak confessa seu tributo e sua adoração ao imponente mestre (“Todo frescor da pilha de estrume/ de onde toda vida e todas as causas emanam”, Março). Mayakovsky incorporava a própria poesia na sua pessoa, ou sua pessoa na poesia (“Eu, tão imenso/ E por ninguém querido”, Poema dedicado a mim mesmo). Seus recitais inesquecíveis e antológicos causavam a admiração até mesmo do fleumático e inescrutável Andrei Bely – revelada por indefiníveis movimentos no escanteio da alma. Curiosamente o sidekick de Mayakovsky, o brilhante Khlebnikov, que muitos acreditavam que não existia ou que ele não era ele mesmo; foi o poeta que inspirou, entre outros, Martinho da Vila (Você ri alto e baixo risos risíveis/Sorri risos com sorrisos) não despertou nenhuma admiração de Pasternak, apenas estranhamento cujo mérito era-lhe inacessível. Pasternak termina sua autobiografia narrando o suicídio de Mayakovsky levado ao desespero pela perseguição dos comunistas e por um amor muito pesado para carregar nas costas (“Não tenho pressa. Não preciso/ te acordar ou perturbar com telegramas ou trovões”, Nota de suicídio).
11 de janeiro de 2016
in selva brasilis

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