"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

CRISE ECONÔMICA SIM, MAS TAMBÉM DE VALORES


Que o Brasil está mergulhado numa crise sem precedentes não se discute. Os indicadores exibem dados assustadores que dia a dia dão conta da rápida deterioração do cenário socioeconômico: a inflação beirando os dois dígitos - a mais elevada em mais de uma década - PIB caindo em marcha batida, indústria em recessão, elevação quase insuportável das taxas dos serviços básicos e combustíveis, fraudulentamente administradas pelo governo no período que antecedeu as eleições presidenciais e muitas outras importantes mazelas decorrentes como, por exemplo, o dramático aumento do desemprego e da criminalidade.

Especialistas em assuntos econômicos discutem as causas do colapso. Em geral são opiniões essencialmente técnicas, que mais confundem do que esclarecem à massa leiga. Variam desde os que atribuem todos os nossos males a uma crise que veio de fora - esses os que endossam as desacreditadas teses do governo - até àqueles que, como nós, não alimentam dúvidas de que quase tudo tem origem interna, fruto da gastança irresponsável, da gestão criminosa das finanças e da ultrapassada política econômica adotada. O que falta mesmo são perspectivas de soluções seja em que prazo for.

Até porque, como acreditar numa saída, se os responsáveis maiores pela execução das medidas saneadoras anunciadas, no caso os ministros da Fazenda e do Planejamento, indicados pela atrapalhada presidente, têm visão diametralmente oposta, inclusive de fundo ideológico, sobre os rumos a seguir. Prenúncio maior de desastre não pode haver.

Mas a verdade, que os economistas pouco consideram nas suas avaliações, é que esse caos econômico não surgiu do nada. Ele pode ser visto, ao final, como resultado de uma verdadeira crise de valores impulsionada pelo próprio governo, crise essa que terminou por contaminar bem fundo as estruturas das esferas política e empresarial, resultando em sucessivos casos de corrupção, desde o chamado caso do mensalão, passando pelos escândalos da Petrobrás, Eletrobrás, BNDES, até tornar-se prática comum nos poderes Executivo, Legislativo e já resvalando no Judiciário. Uma ameaça real para a Democracia.

Não é necessário ser economista, nem ao menos entender do assunto, para afirmar que uma discussão séria sobre as causas das dificuldades que hoje enfrentamos não pode deixar de considerar que o assalto aos cofres públicos, sem precedentes no mundo, foi decisivo para a instalação da atual crise socioeconômica a que nos conduziu o governo petista.

E só para citar alguns exemplos, imaginemos essa dinheirama - bilhões e bilhões de reais, nas mãos dos corruptos ou adormecendo em paraísos fiscais - hoje em circulação. Será que áreas tão críticas como a Educação e, particularmente, a Saúde estariam provocando tanto sofrimento e dores a milhares de brasileiros menos favorecidos? Será que haveria tanto desemprego? Será que estariam aí nossos economistas a debater complicadas teorias econômicas para explicar a crise? Será que existiria crise?

Há alguns dias, o Tribunal de Contas da União, por unanimidade, rejeitou as contas do governo, o que não ocorria há quase oitenta anos e o Tribunal Superior Eleitoral investiga fatos relacionados à campanha presidencial do PT. Isso, e mais as seguidas denúncias de envolvimento do governo em atos de corrupção pode culminar num processo de impeachment ou cassação de mandato da presidente.

A verdade é que ninguém apostaria sequer um tostão furado na capacidade do governo de tirar o país dessa enrascada. Ele está desacreditado interna e externamente. A maior contribuição que a presidente poderia nos dar, hoje, seria o de entregar a outro a difícil tarefa de soerguimento do País.

16 de outubro de 2015
Gilberto Pimentel, General, é Presidente do Clube Militar.

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