O senador sabujo descobriu no saguão do aeroporto que tem tudo para ganhar o campeonato regional de impopularidade
Em companhia de Edinho Silva, ministro da Comunicação Social, e José Guimarães, líder do governo na Câmara dos Deputados, o senador José Pimentel compôs a trinca escalada por Dilma Rousseff para revelar a opinião do Planalto sobre as manifestações de domingo. No meio da conversa fiada, Pimentel garantiu espaço nos jornais do dia seguinte com o falatório em dilmês erudito abaixo reproduzido:
“Este espírito de intolerância é manipulado em parte pela oposição, que semeia o ódio, um antídoto da democracia, forjada e construída nas lutas pelas Diretas Já e contra o regime militar. Essa intolerância não é saudável, ela interdita o diálogo, o contraditório e o valor fundamental que tem de estar sempre na democracia: a divergência. Agora, ainda bem que quem faz isso é uma minoria”.
O que deu na cabeça do companheiro Pimentel? Como conseguiu enxergar olhares homicidas e facas nos dentes em manifestações exemplarmente pacíficas? O que o induziu a confundir democratas indignados com nostálgicos de ditaduras? As respostas estão no vídeo. O embarque no besteirol não resultou do que o senador viu no domingo nas ruas do Brasil. Foi provocado pelo vexame que protagonizou na quinta-feira passada no saguão do aeroporto de Fortaleza.
Os manifestantes que o recepcionaram na área de desembarque apenas mostraram o que acham os brasileiros decentes de um parlamentar que acumula as funções de capacho do partido que virou bando e sabujo do governo que acabou sem ter começado. Não é ódio o que se vê no vídeo. É só a espécie de desprezo despertada por gente que, antes mesmo de morrer, jaz num asterisco da História Nacional da Infâmia.
19 de agosto de 2015
Augusto Nunes, Veja
Nenhum comentário:
Postar um comentário