"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 27 de julho de 2015

GRANDE PESO DO ESTADO NA ECONOMIA EXPLICA A CORRUPÇÃO

Quando a Polícia Federal começou a fazer operações, algumas espetaculosas, no início da Era Lula, contra criminosos de colarinho branco, surgiu a pergunta de por que aquela multiplicação de casos neste ramo mais fino da criminalidade, nem por isso menos pernicioso para a sociedade. O governo aproveitou para capitalizar o fato: seria por- que, afinal, assumira no Planalto quem combatia a corrupção para valer. Mas nunca foi possível testar uma hipótese mais simples — que surgiam mais escândalos nesta área porque a criminalidade aumentara.

Não demorou muito, o próprio PT se viu apanhado no escândalo do mensalão, em que, entre outros golpes, um sindicalista petista de carteirinha, Henrique Pizzolato, alçado por essas credenciais à diretoria de marketing do Banco do Brasil, desviara dinheiro da instituição para abastecer a lavanderia financeira de Marcos Valério, da qual saía numerário para comprar apoio parlamentar ao governo Lula.

Mais recentemente, estourou o petrolão, este de magníficas proporções: na contabilidade da Petrobras já estão registrados R$ 6,2 bilhões roubados para o PT, PP, PMDB, políticos específicos e bolsos de diretores da estatal, entre outros.

Não é coincidência que os dois escândalos tenham, no epicentro, empresas estatais. A pergunta sobre as razões da multiplicação de casos de corrupção precisa ser substituída por outra: por que há tantos desses crimes no Brasil? A resposta está na grande participação do Estado na economia, sendo, como fica provado neste ciclo petista, as estatais eficazes gazuas de arrombamento de cofres públicos.

Não que inexista corrupção na administração direta. Mas as estatais, por fecharem operações comerciais e financeiras, oferecem múltiplas oportunidades de falcatruas. Se há um grupo no poder que atua no ramo, é uma festa.

O assalto praticado na Petrobras pelo esquema lulopetista, em associação com PP e PMDB, e alianças com as maiores empreiteiras do país, é a prova concreta de que há uma relação direta entre estatização e corrupção.

Apenas na plano federal, há pouco mais de 140 empresas públicas. No período FH houve importantes privatizações. Na Era PT, voltou-se a criar estatais, coerente com a ideologia de petistas e aliados.

Nestes quase 13 anos de poder lulopetista em Brasília, um grupo político voraz, ágil em aparelhar a máquina pública, incluindo estatais, encontrou nessas empresas amplas oportunidades de financiar, com caixa dois, seu projeto político e eleitoral, sem deixar de sustentar alto padrão de vida de capos e ainda permitir enriquecimentos alhures.

O raciocínio e a conclusão são simples: sem esta grande participação do Estado em setores que movimentam muito dinheiro, não haveria como o PT e aliados se financiar com propinas. Só existe caixa dois quando há caixa um.


27 de julho de 2015
O Globo

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