"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 17 de maio de 2015

ONDE MORA O PERIGO



Bom dia! Como está o seu café da manhã? A manteiga já deu lugar à velha margarina? Os planos de viajar nas férias estão de pé? A conta de luz subiu assustadoramente? A faculdade do filho ficou inviável por falta de financiamento?
Já sei: casa própria, agora só para os netos; está cada vez mais difícil conseguir empréstimo. Cartão de crédito, nem pensar. Com esses juros que não cessam de subir, o negócio é apertar o cinto. Até o bilhete da loteria ficou mais caro, e o prêmio emagreceu.
Mais do que a indicação de um novo nome para o Supremo Tribunal Federal, a conquista de votos para apertar o garrote nos gastos públicos e as negociações para segundo, terceiro e quarto escalões – mais do que tudo isso, as condições de vida da maioria esmagadora da população deveriam ocupar a agenda de quem se credencia a governar o Brasil.
Não é o que se vê.
NOTÍCIAS RUINS
A cada momento, uma nova má notícia é oferecida ao público que esperava dias melhores. Os juros decolam. O Fies definha. Enquanto o desemprego cresce, as regras de proteção aos demitidos tornam-se mais severas.
O sonho de comprar imóvel vira pesadelo com as novas taxas da Caixa Econômica e do Banco do Brasil. Minha Casa, Minha Vida atualmente vale tanto quanto um slogan eleitoral de ocasião, e nada mais do que isso.
As demissões vêm a galope. O pé no freio das montadoras indica um efeito dominó que não se sabe onde vai parar.
A crise na Petrobras engessa uma parte significativa do PIB nacional; é como se a sede do Ministério da Fazenda tivesse se transferido de Brasília para o Paraná.
E o governo de turno assiste a tudo isso com uma mistura de empáfia e desorientação. Cancela pronunciamentos em dias-chave, vide o 1º de Maio, foge de cerimônias oficiais como prisioneiro em um bunker, evita contato com o povo.
Ah, mas a propaganda na televisão pode resolver o problema.
Não se sabe se é o caso de chorar ou de rir, ou de chorar de tanto rir. Nem uma palavra sobre a distribuição justa do ônus de uma crise mundial que atinge o conjunto do planeta. Como sempre, a conta é espetada no lombo dos trabalhadores.
FESTAS NOS BANCOS
Coincidência ou não, na mesma época somos informados dos resultados dos principais bancos do país.
O Itaú Unibanco registrou lucro líquido de R$ 5,733 bilhões no primeiro trimestre deste ano. O ganho é recorde para o período levando em conta o resultado dos bancos brasileiros, segundo a consultoria Economática.
Um pouco antes, o Bradesco anunciou ter fechado o primeiro trimestre de 2015 com lucro líquido de R$ 4,244 bilhões, 6,3% acima do resultado do quarto trimestre de 2014 e 23,3% maior que o mesmo período do ano passado.
Os trabalhadores penam, a indústria resmunga, o comércio reclama. Já o capital financeiro comemora. Será que é tão difícil saber de onde tirar?
PARA INGLÊS VER
A elite conservadora festejou a vitória de David Cameron no Reino Unido. Seria a prova de que a redução de gastos públicos e o corte de direitos sociais mostram o caminho da redenção.
Detalhe: a renda média da população caiu 2,4% entre 2010 e 2014, ficando abaixo do patamar de antes da crise de 2008! Quem perdeu mesmo foram os institutos de pesquisa e a incompetência da oposição.

17de maio de 2015
Ricardo Melo
Folha

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