"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

TRÊS CRÔNICAS BEM HUMORADAS SOBRE SAÚDE, MEDICAMENTOS E HÁBITOS SAUDÁVEIS

Mais um sobrevivente da ditadura dos índices médicos
Esqueci de mencionar o que ocorreu há uns oito anos com um amigo, então com 73.

Após o segundo stent coronariano feito em Huston - pago, porque o cara não tem plano de saúde: é só rico, riquíssimo - o médico de Otto resolveu que, apesar dos seus níveis de colesterol e de triglicerídeos estarem nos trinques, abaixo desses máximos que nos condenam à morte, ele deveria tomar as tais estatinas para baixá-los ou, sei lá, para mantê-los.

Lembro muito bem que conversamos muito a respeito, eu dizendo que não havia a menor necessidade dessa medicação e ele, embora concordasse, argumentava que ele tinha que fazer o que o médico mandava sob pena de perder a “garantia” do stent (esqueci de dizer que além de rico é pão-duro...).

Dizia eu: “dane-se a garantia, pombas, tudo que você toma de medicamento sem necessidade acaba fazendo mas mal que bem!”.

Ô boca! Seis meses depois do stent, Otto foi internado com uma pancreatite medicamentosa, devido às estatinas desnecessárias,  que quase o matou. E acabou passando um ano em uma dieta radical, principalmente sem linguiça e cerveja (e sem quase tudo), suas preferências, não fosse ele filho de alemães.

Hoje, com 81 e mais sadio que nunca, Otto, cagando e andando para as estatinas, retomou, faz tempo, seus hábitos alimentares, que incluem feijão cozido com paio e linguiça às duas da manhã, gelados e com muito alho cru e azeite. Gastronomicamente falando somos almas gêmeas...
 
06 de janeiro de 2014

Os medicamentos e a sua (in)eficácia

Ao comentar com a Theresa que sou meio avesso a medicamentos, lembrei de duas matérias sobre o assunto que eu tinha escaneado da Veja - eram quadros explicativos - há uns quatro anos e resolvi passá-las para texto. A primeira fala sobre a impressionante ineficácia de vários tipos de medicamentos largamente usados para combater diversos tipos de males e a segunda é sobre a variação dos índices de glicose, colesterol e pressão arterial hoje exigidos pelos médicos, aos quais eu acrescento, no final, os de triglicerídeos, meu grande problema durante muito tempo (divido em dois posts já que ficou muito grande).

Os medicamentos e a sua eficácia

O custo-benefício de um medicamento é determinado pela relação entre o número de pacientes que o tomam e o efeito real que esse remédio produz. Esse índice tem o nome de NNT, sigla em inglês para Number Needed to Treat.

Quando se usa antibiótico para tratar uma otite média, o NNT é 7. Isso significa que de cada 7 pessoas medicadas 1 se cura da infecção graças ao remédio.

Quando se usam estatinas para reduzir o colesterol ruim (LDL) ao patamar de 100, o NNT é 28. Isso significa que de cada 28 pacientes medicados 1 não morre ou não infarta graças ao remédio.

Quando se usam estatinas para reduzir o colesterol ruim (LDL) ao patamar de 80, o NNT é 71. Isso significa que de cada 71 pacientes medicados 1 não morre ou não infarta graças ao remédio.

Quando se usa anti-hipertensivo para controlar a pressão em idosos, o NNT é 18. Isso significa que de cada 18 pacientes medicados 1 não sofre infarto ou derrame graças ao remédio.

Quando se suplementa a alimentação com cálcio e vitamina D para prevenir fraturas em mulheres com osteoporose, o NNT é 20. Isso significa que de cada 20 mulheres tratadas 1 não sofre fratura graças aos suplementos.

Quando se ministra vacina contra a gripe, o NNT é 23. Isso significa que de cada 23 pessoas vacinadas 1 não fica gripada graças à vacina.

P.S.: A pedidos do Argento, os textos escaneados:




06 de janeiro de 2014

A ditadura dos índices médicos

Pressão Arterial
Quando o coração se contrai, bombeia sangue para o resto do organismo. O fluxo sanguíneo exerce um impacto sobre a parede das artérias. Esse impacto é a pressão arterial. Dentro da normalidade, a pressão arterial faz com que o sangue flua pelas artérias sem agredi-las, garantindo o aporte de oxigênio e nutrientes para todo o organismo.

A pressão alta danifica as paredes dos vasos sanguíneos e obriga o coração a trabalhar num ritmo mais acelerado. A hipertensão está relacionada a 40% das mortes por infarto.

Até 1994, a pressão ideal chegava a 16 por 9.
Em 1998 o índice de normalidade passou a ser de 14 por 9
Em 2002 foi criado o patamar de pressão ótima, aquela que fica em 12 por 8.
Em 2003 as autoridades médicas americanas passaram a classificar os pacientes com pressão entre 12 por 8 e 14 por 9 de “pré-hipertensos” e aqueles com pressão abaixo de 12 por 8 de “normais”. Esses parâmetros não são levados em conta no Brasil nem nos países europeus

Níveis tão baixos de pressão não são fáceis de ser alcançados. Para atingir essa meta, em geral, deve-se recorrer a remédios que podem causar efeitos colaterais muito desagradáveis. Em cardiopatas, a pressão abaixo de 12 por 8 pode levar à morte.

Colesterol
Um tipo de gordura circulante no organismo. Há dois tipos de colesterol - HDL, o bom, e LDL, o ruim. O colesterol, tanto o bom quanto o ruim, é essencial para a fabricação de hormônios e vitamina D e para a formação das membranas celulares.

Em excesso, o LDL contribui para a formação das placas de gordura que entopem as artérias. O colesterol alto está relacionado a 40% das mortes por infarto e derrame.

Até 1960 considerava-se normal o colesterol total de até 300 miligramas por decilitro de sangue
Na década de 80, descobriu-se que o colesterol total não é útil como marcador de risco cardiovascular. Passou-se a levar em conta separadamente as taxas de HDL e LDL O HDL deveria ficar acima de 35 e o LDL entre 130 e 160
Nos anos 90, o LDL ideal baixou para 100.
Hoje, para pacientes de altíssimo risco cardiovascular, os níveis considerados ideais de LDL são os abaixo de 70, o que só se consegue com muito remédio.

Uma redução drástica do colesterol, que só se obtém por meio de uma quantidade enorme de estatinas, pode levar a depressão e câncer.

Glicose
É o açúcar circulante no sangue. Obtida principalmente a partir da alimentação, a glicose é a principal fonte de energia do organismo.

Na década de 70, considerava-se normal a glicemia de até 140 miligramas de glicose por decilitro de sangue.
No início dos anos 80, a glicemia ideal era 126.
No fim da década de 80, a glicose no sangue não poderia exceder 110.
Em 2006 a Associação Americana de Diabetes passou a defender a tese de que a glicemia ideal deveria ser inferior a 100.

Apenas 3% deles atingem essa meta com dieta e ginástica. Índices glicêmicos muito reduzidos elevam a taxa de mortalidade por infarto.

Triglicerídeos
Primeiro, um adendo. O terrorismo que médicos e laboratórios fazem com esses índices é impressionante! Você vai procurar uma definição sobre qualquer substância, dessas mais “em moda”, e em vez disso é obrigado a ler primeiro um calhamaço sobre o perigo que elas representam para a saúde, até achar - se achar - uma frase, que seja, definindo a sua função no organismo. Dá até a impressão que o colesterol, a glicose e os triglicerídeos são elementos indesejáveis que só servem para fazer o mal. E vender remédios e consultas, é claro.

Os triglicerídeos são as principais gorduras do nosso organismo e compõem a maior parte das gorduras de origem vegetal e animal, sendo usados ​​para fornecer energia para o organismo.

Os triglicerídeos presentes no nosso corpo podem ser adquiridos através da alimentação ou produzidos pelo nosso próprio organismo pelo fígado.  São importantes, pois servem como reserva energética para os momentos de jejum prolongado ou alimentação insuficiente.

Os triglicerídeos estão presentes em vários alimentos comuns da nossa dieta, mas a maior parte costuma ser produzida pelo nosso fígado. Quando comemos carboidratos em excesso (doces, massas, pães, etc.), o fígado pega esses açúcares a mais e os transforma em triglicerídeos, para que eles possam ser estocados nos tecidos adiposos, servindo como reserva energética.

Os triglicerídeos viajam pela corrente sanguínea acoplados a uma proteína chamada VLDL, uma lipoproteína semelhante ao HDL e LDL que transportam o colesterol pelo sangue.

Em 1983, quando começaram meus problemas com os triglicerídeos ou, melhor dizendo, com os médicos e laboratórios, meu índice foi de 730 mg/dl, o que fez até um funcionário do laboratório, irresponsavelmente, me ligar, avisando que, por causa disso, eu deveria consultar meu médico com urgência, o que me deixou em pânico.

E assim o fiz, e meu médico me tranquilizou - óbvio - dizendo que se eu não estivesse sentindo nada, não haveria problemas imediatos, mas que o tratamento e a dieta para baixar os triglicerídeos teriam que ser iniciados imediatamente. E me tascou um remédio.

À época o nível máximo tolerado era de 260 mg/dl.

Peito de frango grelhado e salada durante seis meses enchem o saco de qualquer um e, como, apesar da dieta e do remédio, os meus níveis de triglicerídeos continuassem altos e oscilando muito, resolvi abandonar tudo, inclusive o médico.

Nos eventuais exames de sangue que fiz a seguir, os diabos dos triglicerídeos foram a 1230 mg/dl em 1993, 741 mg/dl em 1998 e a 1063 mg/dl em 2002. Para a medicina eu era um morto que não queria ser enterrado, embora não sentisse nada.

Enquanto isso, o nível máximo tolerado caiu para 200 mg/dl.

No ano seguinte, 2003, pressionado pela família a fazer um checkup em homenagem aos meus então 51 anos,    fui à luta e veio o resultado, entre os quais os famigerados triglicerídeos, que acusavam 164 mg/dl, apenas 4 mg/dl acima do ideal, então já na casa dos 160 mg/dl.

Como explicar uma queda de 85% em um ano se eu não fiz nada de diferente e nem remédios tomei?

Há um ano, fiz meu mais recente exame de sangue e meus agora comportadíssimos triglicerídeos atingiram a 132 mg/dl, bem abaixo da mais nova taxa de mercado, 150 mg/dl.

Confesso que sou um enigma médico, tudo bem, mas como explicar eu não sentir nada quando as taxas dos triglicerídeos oscilavam acima de mil durante tanto tempo, já que níveis muito altos de triglicerídeos podem causar pancreatite e hepatoesplenomegalia (aumento de fígado e baço), depósitos de gordura na pele chamados xantomas e alto riscos de doenças do coração?
 
06 de janeiro de 2014

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