"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

DISCURSO SHANGRI-LÁ DA DILMA DESENHA BRASIL PETRALHA E CAPIMUNISTA PERDIDO NO HORIZONTE



Filme “Horizonte Perdido” (EUA, Columbia Pictures, 1973, 150min)
 
A Presidenta Dilma Rousseff passou ontem o “recibo” de quanto o julgamento do Mensalão afetou o PT, obrigando seus marketeiros a adotarem uma tática defensiva no discurso dominical de fim de ano. Dilma foi obrigada a driblar o tema, abusando de uma mentira sobre a fragilidade que mais incomoda a petralhada: “Não abrimos mão, em nenhum momento, de apoiar o combate à corrupção em todos os níveis. Exatamente por isso, nunca no Brasil se investigou e se puniu tanto o malfeito”.

Em tom propagandístico e ufanista na cadeia de rádio e televisão, o discurso da Dilma só pode ter sido inspirado no clássico filme “Horizonte Perdido” (EUA, Columbia Pictures, 1973, 150min – um remake de um filme de Frank Capra, em 1937). Em busca de ajuda, os sobreviventes da queda de avião no Himalaia, após uma violenta tempestade, encontram um estranho e maravilhoso mundo chamado Shangri-lá, onde existe a eterna juventude e a felicidade plena.


Só isso explica que os redatores marketeiros tenham feito Dilma ler no discurso de pré-campanha reeleitoral: “Nos últimos anos somos um dos raros países do mundo em que o nível de vida da população não recuou ou se espatifou em meio a alguma grave crise. Chegamos até aqui melhorando de vida, pouco a pouco, mas sempre de maneira firme e segura. Construindo a base para que a expressão melhorar de vida deixe de ser, em um futuro próximo, um sonho parcialmente realizado, torne-se a realidade plena e inegável da vida de cada brasileiro e de cada brasileira”.

Só faltaram, como fundo do discurso da Dilma, as canções de Burt Bacharach e Hal David que tanto sucesso fizeram no filme dirigido por Charles Jarrot. O Brasil, petralha e capimunista, é um perfeito “Lost Horizon”. O apelo ao eleitorado jovem foi patético: “Você, jovem, sabe o quanto o seu padrão de vida melhorou comparado ao que você tinha na infância e ao que seus pais tinham na sua idade. Usem essa fotografia do presente e do passado recente como pano de fundo para projetar o futuro. Esta é a melhor bússola para navegar neste novo Brasil”.

Dilma também tentou vender, antecipadamente, um antídoto contra os ataques que sofrerá, principalmente do PSDB, sobre as falhas no modelo econômico: “Se alguns setores, seja porque motivo for, instilarem desconfiança, especialmente desconfiança injustificada, isso é muito ruim. A guerra psicológica pode inibir investimentos e retardar iniciativas”. Mas Dilma exagerou na dose de criar ilusões sobre a eficácia e eficiência de sua equipe econômica no combate à crise (que o governo não admite existir): “Nisso o governo teve uma ação firme, atuou nos gastos e garantiu o equilíbrio fiscal, atuou na redução de impostos e na diminuição da conta de luz. Nesses últimos casos enfrentando duras críticas daqueles que não se preocupam com o bolso da população brasileira”.

Quem tiver estômago para ouvir besteira, pode rever os 11 minutos e 49 segundos do discurso de Dilma – uma aula de como não se deve fazer propaganda política.



 
Ano que nunca acaba...
 

Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.

30 de dezembro de 2013
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.

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