"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

PARA A CAMPANHA ELEITORAL, GOVERNO QUER REFORÇAR A "IMAGEM DE REALIZADORA" DE DILMA. PERGUNTA-SE: REALIZADORA DE QUÊ?


Dilma, com o ministro do Esporte, Aldo Rebelo (esq.) e o governador Anastasia (esq.) descerra a placa de inauguração do novo Mineirão -- obra feita por governos tucanos (Foto: Omar Freira / Imprensa MG)
Dilma, com o ministro do Esporte, Aldo Rebelo (esq.) e o governador Anastasia (esq.) descerra a placa de inauguração do novo Mineirão: obra alheia, feita por governos tucanos (Foto: Omar Freira / Imprensa MG)

Parece até brincadeira. Preocupado com o impacto político da recém-anunciada aliança política entre o presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, com a ex-presidenciável de 20 milhões de votos em 2010, Marina Silva, o Palácio do Planalto pretende confrontar uma suposta imagem “sonhadora” da adversária Marina com o perfil de “realizadora” da presidente Dilma.

Excetuado o Bolsa Família, que foi consolidado por Lula a partir da “rede de proteção social” estabelecida no segundo mandato de FHC (1999-2003) e simplesmente tocado adiante por Dilma, e dando de barato — mesmo com dúvidas e questionamentos — que o programa “Minha Casa, Minha Vida” ande nos eixos, cabe perguntar quais são, exatamente, outras realizações da “gerentona” até agora.

* Será o crescimento ridículo da economia, com um Produto Interno Bruto que bateu nos 7,5% anuais no último ano do lulalato, caiu para 2,7% no primeiro ano da “gerentona”, desabou para 0,9% no ano passado e Deus sabe a quanto irá este ano?

* Será o descaso com a inflação, empurrada para debaixo do tapete por interferência de arrocho nos preços do petróleo e derivados e nas empresas de eletricidade — entre outras medidas intervencionistas — que, mesmo assim, não deixarão a taxa anual muito abaixo de preocupantes 6%, comprometendo uma enorme conquista da sociedade brasileira?

* Será o saldo pouco divulgado, mas decepcionante, próximo do desastroso, do chamado “Pacto de Aceleração do Desenvolvimento” (PAC), com obras atrasadíssimas, outras inacabadas e outras nem iniciadas?

* Será o pífio resultado das privatizações envergonhadas, que não atraem capital suficiente devido ao clima de insegurança jurídica criado por sucessivas mudanças de regras do jogo promovidas pelo governo?

* Será o descalabro na maior empresa do país, e uma das grandes do mundo, a estatal Petrobras?

* Será o estado triste, lamentável e prejudicial aos interesses nacionais em que se encontra a infraestrutura do país, sobretudo rodovias, ferrovias e portos — sem contar que não se consolidou 1 metro de hidrovias nem se desenvolveu a navegação de cabotagem como forma de baratear o insuportável “custo Brasil”?

Seria, a construção, interminável, da ferrovia Norte-Sul, uma das realizações de Dilma?
Seria, a construção, interminável, da ferrovia Norte-Sul, uma das realizações de Dilma?

* Será o desastre que é o sistema tributário brasileiro, um dos maiores entraves ao livre desenvolvimento da iniciativa privada, ao empreendedorismo e aos investimentos estrangeiros, e que a “gerentona” não moveu uma palha significativa para alterar, a despeito de ter uma supostamente imensa base de apoio no Congresso?

* Será a barafunda imoral que é nossa política e nossa legislação partidária e eleitoral, que a ilustre gerente alegou ao tomar posse ser uma de suas prioridades, e para a qual não dedicou um percentual mínimo de sua atenção e energia?

Poderia continuar com mais “serás”, mas mudo o foco deste post para fazer outras perguntas:

* Qual é a grande obra do governo Dilma?
* Além de dar o pontapé inicial em estádios de futebol para a Copa de 2014, como fez, entre outras várias cidades, em Belo Horizontes — num novo Mineirão de reforma planejada no governo do tucano Aécio Neves e concluído no governo do também tucano Antonio Anastasia, que grande obra de interesse geral do país a presidente inaugurou?

* Quem sabe como anda a construção, interminável, da ferrovia Norte-Sul?
* Quem sabe o que é feito da ferrovia Transnordestina?

* Quem ainda acredita que um dia existirá um trem-bala entre São Paulo e Rio de Janeiro?

* Qual foi a grande rodovia ou duplicação de rodovia cuja fita inaugural haja sido cortada por Dilma?

* Que novas hidrelétricas fez seu governo?

* Quantas regiões do Nordeste as caudalosas águas do rio São Francisco estão banhando, com a transposição que não acaba nunca?

* Quando é que termina a construção da refinaria Abreu Lima, em Pernambuco, com prazos estourados e um calote fenomenal aplicado pelo infeliz sócio escolhido por Lula para o empreendimento — o governo chavista da Venezuela?
Para finalizar, uma ironia: nem em seu próprio terreno ideológico a presidente apresenta resultados de “grande gerente”: na primeira página do Estadão de hoje, a mesma que traz em manchete a estratégia de apresentar a presidente como “realizadora”, aparece nota informando que Dilma não assinou um único decreto de desapropriação de terras para reforma agrária em 2013.

Quando é que termina a construção da refinaria Abreu Lima, em Pernambuco? (Foto: Hélia Scheppa / JC Imagem)
Quando é que termina a construção da refinaria Abreu Lima, em Pernambuco — para a qual o governo levou um memorável calote dos sócios e “amigos” chavistas da Venezuela? (Foto: Hélia Scheppa / JC Imagem)

Segundo o jornalista Roldão Arruda, este ano caminha para ser o pior em distribuição de áreas desde 1985. “Dilma pode ficar atrás até de Fernando Collor”, diz a chamada de primeira página do jornal, “o presidente que menos se interessou pelo tema em 28 anos, com quatro decretos [de desapropriação assinados]. Fernando Henrique lidera com 845 decretos em 1998″.
“Realizadora”?

07 de outubro de 2013
 

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