"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 19 de outubro de 2013

A GUERRA DE BISSAU E O BRASIL

 
(HD) – Em palestra em São Paulo, há uma semana, o Prêmio Nobel da Paz José Ramos-Horta, ex-dirigente do Timor Leste, pediu ao Brasil que financie as  eleições da Guiné-Bissau, onde ele trabalha como representante da ONU.

Com apenas um milhão e seiscentos mil habitantes, a Guiné-Bissau, é um pequeno país de língua portuguesa, da costa ocidental africana, que tem como principal produto de exportação a castanha de caju. Sua renda per capita mal passa dos mil dólares por ano.

A localização, no entanto, lhe confere importância estratégica – por ter se transformado, nos últimos anos, em  importante entreposto para o tráfico de drogas, entre os centros produtores da  América do Sul e os mercados da Europa e dos EUA.

Nos últimos anos, às péssimas condições sociais – hoje, é preciso três quilos de castanha de caju, para se comprar um quilo de arroz – somou-se a agressão aos direitos humanos.

Desde 2009, quando o presidente João Bernardo Vieira, foi assassinado, o Brasil tem participado do processo de pacificação do país, presidindo a Configuração Específica da Guiné Bissau da Comissão de Consolidação da Paz (CCP), das Nações Unidas, criada por iniciativa do Itamaraty.
E, com o Centro de Formação para as Forças de Segurança da Guiné-Bissau, também nos empenhamos em limitar o papel de suas forças armadas às questões militares.

A cooperação técnica eleitoral brasileira é outra importante linha de ação, prestada em cooperação triangular, pelo Memorando de Entendimento Brasil- Estados Unidos-Guiné Bissau para apoio a atividades parlamentares.

A solução do problema militar, no entanto, esbarra na participação direta de altos oficiais das forças armadas no tráfico de drogas.
Em abril deste ano, o Almirante Bubo Na Tchuto foi preso em operação de uma brigada de combate ao narcotráfico dos EUA em águas internacionais, perto da costa de Cano Verde, e enviado para os Estados Unidos.

Além dele, Washington acusa, judicialmente, pelo mesmo crime, o Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, Ibraima Papa Camará, e está de olho – pelas mesmas razões – no Chefe do Estado-General das Forças Armadas, general António Indjai.

A Guiné-Bissau possui quadros preparados para disputar as eleições, entre eles, o de Helder Vaz, que trabalha, há anos, como um dos principais executivos  da CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

O futuro de Bissau afeta tanto o Brasil – rota de passagem para as drogas – como a Europa e os Estados Unidos.

Participar decisivamente da solução da questão guineense, cooperando no que pudermos para a realização das eleições, pode mostrar que, com independência e determinação, podemos atuar, de forma cada vez mais decisiva, no espaço  geopolítico do Atlântico Sul.

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