"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 14 de novembro de 2021

POR QUE SÉRGIO MORO É SÓ MAIS UM...



Sérgio Moro lançou-se para presidente. Estava muito bem treinado! Fez a lição de casa com a mesma aplicação com que substanciava suas sentenças na Lava Jato. 
Nem o STF conseguiu contestá-las. Teve de anula-las no tapetão mesmo, como virou hábito.

O juiz, agora político, teve uma palavrinha pra cada público. Usou todas as do dramalhão brasileiro e numa ordem quase perfeita. União. Verdade. Ciência. Justiça. Respeito à diversidade. Proteção à família. Liberdade de crença. Liberdade de expressão. Liberdade de imprensa. Livre mercado. Livre iniciativa. Menos governo. Menos imposto. Privatização. Abertura da economia. Distribuição de renda. Erradicação da pobreza e não apenas com assistencialismo; com educação. Combate à corrupção. Combate à corrupção. Combate à corrupção. Florestas em pé. Economia verde. Fim dos privilégios…

Chegou quase a empolgar finalmente ouvir um candidato com sonhos em vez de só com um inimigo a aniquilar.



Não duvido que seja honesto. Mais bem intencionado que muitos. Foi o único que teve coragem de enfrentar o grande crime.

Faltou só alguma palavrinha pro STF (Moro é louco mas não rasga dinheiro)…

Mas de boas intenções o inferno está cheio.

Estavam lá todos os “QUAIS” … e nenhum dos “COMOS”:

Para erradicar a pobreza, a “criação de uma Força Tarefa de Erradicação da Pobreza”. Mais uma…

Para erradicar a corrupção a “criação de uma Coordenadoria Nacional Anticorrupção com juízes vocacionados”. Mais uma…

“Podem confiar que vou fazer sempre a coisa certa”.

Ãnhãn…



Sergio Moro promete ser o “guardião do interesse do povo” mas não nos dá nenhuma dica de como pretende aferir esse interesse.

É aí que está o “X”!

Só tem um jeito disso virar verdade. E ele, que estudou nos Estados Unidos sabe bem qual é: dar ao povo, o tempo todo, antes, durante e depois de cada eleição, o poder de conferir a qualquer hora se o seu interesse está ou não sendo guardado, e botar pra fora imediatamente quem o estiver violentando.

Aí sim!

Chama-se DEMOCRACIA.


Ela passa a existir quando o povo ganha armas decisivas para mandar nos governantes. Quando o emprego deles passa a depender dele. Não muda a condição humana mas definitivamente encurta de forma drástica e radical o espaço para a tapeação, a contemporização, a procrastinação, a corrupção.



O Estado e os impostos ficam do tamanho que a gente quiser. Põem-se pra fora os ladrõezinhos antes que se tornem ladrõezões. 
Os privilégios acabam porque quem os sustenta passa a ter o poder de negar-se a pagar por eles. 
O crime murcha porque juiz “soltão” cai fora e os roubados e barbarizados passam a fazer a lei penal. 
A educação passa a produzir conhecimento e autonomia em vez de ignorância e dependência, fornecendo condição a cada um de prover o seu sustento e cuidar da própria saúde em vez de acostumar todo mundo, desde pequenininho, a comer no cocho do governo, se e quando as “excelências” quiserem. 
O cara eleito pode até ser mauzinho, que se ele passar da conta você põe ele no lixo. Ou em cana. Pra evitar isso até mauzinho age como bonzinho.

Chega de rezar pra deus pra próxima vida ser melhor que esta! Tudo isso, repito, não muda a condição humana, mas disciplina ela beeem, aqui e agora. Pela média. É quanto basta pra você ficar o país mais rico do mundo, longe do segundo lugar, e ir lamentar a condição humana lá de cima, longe do horror da impotência absoluta. 
Parece pouco mas comparado a quem nem isso tem, fica com cara de paraíso. Esses pra onde todos os fugidos dos salvadores de pátrias querem sempre correr.



A reforma que abre as portas a todas as outras; a reforma que inicia a reforma permanente, como é o viver; a única reforma que realmente reformata as coisas é a reforma politica, a reforma eleitoral. TODO O PODER, desde cada candidatura, TEM DE EMANAR DO POVO. De “partidos” com dono, criados e mantidos pelo Estado, só vai vir mais Estado com dono. 
Pra sermos nós os donos do Estado, a decidirmos qual o limite da competição, o tamanho máximo do poder político e do poder econômico, só armando o povo de primárias comandadas por ele próprio, recall, referendo e iniciativa de lei e da propriedade permanente de todos os mandatos de todos os “servidores públicos”. 
Aí tudo passa a referir-se ao povo e até a imprensa passa a defender a do povo!

É tão simples quanto a vida que todos nós, que não temos empregos eternos, sempre conhecemos.

O Brasil deve muito a Sérgio Moro. Mas o que ele está propondo é chegar à democracia sem passar pela democracia. A menos que se emende, não acredite. Isso não existe.


14 de novembro de 2021
fernao

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