O BC (Banco Central), depois de ter passado pelos piores momentos da crise ocasionada pelo coronavírus, conseguiu manter neste início de 2021 suas reservas internacionais inalteradas, depois de ter que vender dólares nos últimos meses para conter o avanço da moeda americana.
Após ter encerrado o exercício de 2019 com as reservas em torno de US$ 356 bilhões, a instituição apresentava um montante levemente superior em meados de dezembro passado na ordem de US$ 357 bilhões.
Pelo visto, o nível das reservas é praticamente o mesmo, não obstante, no pico da crise, o BC ter tido que realizar operações em volumes consideráveis para segurar a alta do dólar. Somente em março, ele despejou no mercado financeiro aproximadamente US$ 11 bilhões das suas reservas. No mês seguinte, foram mais US$ 6,6 bilhões.
No período de março a novembro, o montante foi de quase US$ 25 bilhões. Apesar dessa soma, mesmo assim, nossas reservas se mantiveram próximas às verificadas em final de 2019 e um pouco abaixo do realizado em fevereiro (US$ 363 bilhões), antes do acirramento da pandemia.
Os recursos utilizados serviram para que os investidores internacionais, receosos com o desenrolar da pandemia, pudessem vender suas posições no Brasil e enviá-las para fora. O BC, com essas operações, impediu que o dólar subisse ainda mais frente ao real, o que poderia fatalmente levar o mercado a um descontrole.
Cerca de 90% das nossas reservas internacionais estão lastreadas em títulos de outros países, principalmente de “Treasuries” norte-americanos que são obrigações e títulos de dívida emitidos pelo Departamento do Tesouro dos EUA e negociados no mercado financeiro, semelhantes ao Tesouro Direto, que possuímos aqui no Brasil.
Foi durante a pandemia que surgiram alguns fatores que influenciaram decisivamente na alta do PU (preço unitário que representa o valor líquido) das “Treasuries”, favorecendo as reservas; são eles: o recuo dos juros básicos americanos, a queda da inflação e uma maior demanda por parte dos investidores por esses títulos, considerados um excelente abrigo em situações de crise.
Alguns analistas econômicos acreditam que a situação atual das reservas brasileiras pode até cair, exatamente por que a valorização dos preços dos ativos é transitória.
O ouro, da mesma forma, também ajudou na sustentação das nossas reservas, embora atualmente esse ativo represente muito pouco na composição da carteira, todavia o metal se valorizou consideravelmente durante a crise.
Os dados divulgados em relatório do BC sinalizaram que, em fevereiro passado, o país tinha incorporado às suas reservas o equivalente a US$ 3,40 bilhões.
Com a sua valorização, em meio à procura dos investidores globais por este “porto seguro”, nossas reservas do metal alcançaram quase US$ 4 bilhões em final de novembro.
Esses movimentos que aconteceram ao longo do ano passado possibilitaram que o nosso BC, mesmo vendendo dólares no mercado, mantivesse um “colchão de segurança” o qual, na realidade, já existia antes que estourasse a crise sanitária mundial.
Outra questão relevante é que ela é superior à nossa dívida externa, estimada em US$ 310 bilhões para dezembro de 2020, apresentando, portanto, uma diferença a nosso favor de US$ 47 bilhões.
Diante disso, felizmente, esta é outra ótima razão para não nos preocuparmos com as reservas internacionais, sendo que o país segue sendo, até então, credor internacional.
21 de janeiro de 2021
Arthur Jorge Costa Pinto é Administrador, com MBA em Finanças pela UNIFACS (Universidade Salvador).
21 de janeiro de 2021
Arthur Jorge Costa Pinto é Administrador, com MBA em Finanças pela UNIFACS (Universidade Salvador).
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