"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

A EPIDEMIA CHINESA AMEAÇA DESACELERAÇÃO DAS ECONOMIAS GLOBAIS

A epidemia chinesa ameaça desaceleração das economias globais. 

As bolsas de valores ao redor do planeta têm apresentado nas últimas semanas acentuadas baixas e uma volatilidade incrível que prejudica os mercados, afeta cadeias de fornecimento e abala o crescimento mundial. Isso se deve ao temor com a disseminação de um novo tipo de vírus (coronavírus) de origem ainda desconhecida, que vem infectando mais de 4.500 mil pessoas em surto na China, tendo já atingido outros 12 países em quatro continentes, com expansão em forma acelerada, antes mesmo do aparecimento de sintomas. 

É possível se ter uma breve noção do impacto dos danos econômicos tendo-se por base a experiência vivenciada na China em 2002/2003, quando irrompeu a Síndrome Respiratória Aguda Severa (SARS), que contaminou mais de 8.000 pessoas provocou a morte de quase 900, ocasionando uma taxa de letalidade (proporção entre o número de mortes por uma doença e o número total de doentes que sofrem dessa doença, em determinado período de tempo) de aproximadamente 10% 

Quando surgiu o primeiro caso em novembro de 2002, não foi comunicado à autoridade sanitária que a doença havia despontado e a imprensa ficou em profundo silêncio, somente divulgando a ocorrência no final do primeiro trimestre de 2003, nos veículos de comunicação de Pequim. 
As autoridades foram seriamente responsabilizadas, mas indícios levam a crer que agora, da mesma forma, houve uma divulgação tardia sobre a natureza infecciosa dessa doença.  

Atualmente os serviços médicos na China, como em toda a Ásia, estão muito mais sofisticados do que há 17 anos, com um conhecimento bem mais amplo relacionado aos surtos virais e maior competência para lidar com eles. Todavia, mais uma vez, a omissão predominou e, possivelmente, falta certa transparência nas informações. 

Na época, por causa do vírus, a economia chinesa foi seriamente abalada. Com isso, a indústria do turismo foi duramente atingida e os chineses, por medo e precaução, se enclausuraram em suas residências, deixando principalmente de consumir, viajar e se entreter. 
Sua economia é altamente industrializada, tem um consumo elevado que representa nada menos que 40% do seu PIB (Produto Interno Bruto) e quando acontecem incidentes como estes, o resultado é um grande impacto negativo na atividade econômica do país. 

Em 2004, foram divulgados relatórios que comprovaram que a economia chinesa apresentou um custo total em torno de US$ 25 bilhões em relação ao ano anterior, justamente em função da epidemia. 
Outro ponto relevante é a estimativa que seu PIB deve ter encolhido de 1% a 2%, influenciado, principalmente, pelos setores de consumo e turismo. Além da China, especula-se que o sudeste asiático também perdeu em torno de 0,5% do seu PIB. 

O PIB chinês em 2019 cresceu 6,1%, comparando-se ao exercício de 2018, o pior crescimento em 30 anos em meio à guerra comercial com os EUA, porém, mesmo assim, a China ainda continua sendo a segunda economia do mundo. Certamente não era bem isso que o gigante asiático esperava enfrentar neste momento; suas expectativas estariam voltadas exclusivamente para necessidade da retomada econômica e a segunda fase prevista no acordo comercial com os americanos. 

O pânico demonstrado atualmente pelos investidores nos mercados financeiros é que as consequências do “coronavírus” não estão apenas na economia chinesa, que possivelmente deverá desacelerar ainda mais, mas sim com os setores de comércio e serviços sendo os mais castigados. Ainda assim, é importante ressaltar que já se esperava uma pausa nas atividades da China neste início de ano. O perigo é que o efeito econômico da doença acabe sendo maior, mais espalhado e de impacto bem mais profundo do que se imagina.  

Outra questão importante é que o mundo demonstra estar em um estágio avançado de fim de ciclo econômico global, com as maiores economias já em trajetória de desaceleração. E o surto de coronavírus pode ser um vetor de pressão ao crescimento global, com o risco de levar a atividade à recessão. 

29 de janeiro de 2020
Arthur Jorge Costa Pinto é Administrador, com MBA em Finanças pela UNIFACS (Universidade Salvador).  

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