"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 11 de setembro de 2018

BETO RICHA, EX-GOVERNADOR DO PARANÁ, É PRESO EM CURITIBA PELA LAVA JATO



Beto Richa é o Sérgio Cabral em versão paranaense
O ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) foi preso nesta terça-feira, em Curitiba, em novas ações da Operação Lava-Jato e do Ministério Público do estado. A mulher do tucano, Fernanda Richa, e seu ex-chefe de gabinete no estado Deonilson Roldo, também foram detidos. A defesa de Beto Richa informou que ainda não teve acesso à investigação.
Candidato ao Senado pelo PSDB no Paraná, Richa foi alvo de duas operações nesta terça-feira. Ele foi detido por ordem da Justiça estadual, a pedido de promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MP-PR, que apuram irregularidades em um programa de manutenção de estradas rurais no interior do estado.
PROPINAS EM OBRAS – Já a segunda operação contra ele é parte da 53ª fase da Lava-Jato, que investiga o suposto pagamento de propina da Odebrecht em obras viárias do Paraná. Policiais federais cumpriram mandado de busca e apreensão no apartamento do ex-governador.
Na Lava-Jato, a PF cumpriu 36 ordens judiciais em Salvador (Bahia), São Paulo (SP), Lupianópolis (PR), Colombo (PR) e Curitiba (PR). A nova fase foi batizada de “Operação Piloto” – referência ao codinome de Richa na lista de propinas do Grupo Odebrecht. São três mandados de prisão e 33 de busca e apreensão, 28 só na capital paranaense.
O objetivo da investigação é apurar um suposto pagamento de R$ 3,5 milhões em propina, em 2014, ao empresário Jorge Theiodocio Atherino. O dinheiro teria saído do Setor de Operações Estruturadas do Grupo Odebrecht. A contrapartida seria um possível direcionamento do processo de licitação para duplicação, manutenção e operação da rodovia estadual PR-323.
DELAÇÃO PREMIADA – O ex-diretor do Departamento de Estradas e Rodagem do Paraná, Nelson Leal Júnior, disse em delação premiada, que Jorge e Richa são próximos e teriam investimentos imobiliários em conjunto. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), o esquema de corrupção foi combinado com Richa e com seu ex-chefe de gabinete, Deonilson.
Segundo a PF, as condutas investigadas podem configurar os delitos de corrupção ativa e passiva, fraude à licitação e lavagem de dinheiro. Os presos serão conduzidos à Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba.
Em nota, os advogados de Beto Richa informaram que “até agora não sabe qual a razão das ordens judiciais proferidas. A defesa do ainda não teve acesso à investigação.”
JUIZ MORO – Há cinco dias, o juiz Sergio Moro autorizou o Ministério Público Federal e a Polícia Federal a prosseguirem as investigações para identificar possíveis envolvidos em esquema de corrupção no governo do Paraná. A decisão foi tomada após o recebimento da denúncia contra o ex-chefe de gabinete do governo do estado.
Na denúncia, os procuradores acusam Deonilson, ex-chefe de gabinete de Richa, e o empresário Jorge de terem recebido R$ 3,5 milhões em propina na licitação para concessão e obras da rodovia PR 323, vencida pelo consórcio Consórico Rota das Fronteiras, liderado pela Odebrecht.
O esquema de corrupção foi descrito pelo delator Leal Júnio: “De um lado José Richa Filho (irmão de Beto Richa) queria favorecer o Grupo Bertin, enquanto Deonilson Roldo queria favorecer o Grupo Odebercht”, afirma Moro no despacho em que determinou a continuidade das investigações em novo inquérito, separado da denúncia já apresentada contra Roldo e Atherino.
SÓCIO OCULTO – Moro afirma que o delator aponta Beto Richa como sócio oculto de Atherino e sugere que arrecações ilícitas feitas durante a gestão de Richa teriam servido para investimentos em empreendimentos imobiliários.
Leal Júnior disse que, a pedido de Beto Richa, Deonilson teria inclusive conseguido a entrada no consórcio liderado pela Odebrecht das empresas Tucmann, Gel Engenharia e America. O filho do dono da America, segundo ele, era assessor de Richa. Em troca do favorecimento, essas empresas teriam se comprometido a destinar um percentual do faturamento ao longo de 30 anos para o grupo político.
Há cinco dias, a defesa do ex-governador Beto Richa informou em nota que as as alegações do Ministério Público Federal não apresentam qualquer sustentação e que não houve recursos públicos, federais ou estaduais, aportados na licitação. Disse ainda que Beto Richa ” sempre pautou suas ações baseado nos princípios legais”.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Dá-lhe, juiz Moro. Mostra que essa gente bronzeada sabe o seu valor. Depois do casal Sérgio Cabral e Adriana Ancelmo, temos agora o Beto e Fernanda Richa através das grades. Parece que este país vai tomar juízo mais cedo do que se esperava. (C.N.)


11 de setembro de 2018
Deu em O Globo

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