"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

CALANDO A HISTÓRIA

A extrema esquerda quer proibir que Hugo Studart fale sobre o Araguaia

Guerrilheiros do Araguaia por volta da década de 70 (Reprodução/Divulgação)

O jornalista e historiador Hugo Studart, de Brasília, escritor
premiado em seus livros sobre o regime militar e merecedor do apreço
de organizações que agem em defesa dos direitos humanos, é um exemplo
admirável do tipo de perseguido político que haveria num Brasil
governado pelas forças de esquerda que estão hoje por aí. Em seu
último livro, “Borboletas e Lobisomens”, que está sendo lançado neste
momento, Studart faz uma reconstituição altamente minuciosa da chamada
“Guerrilha do Araguaia” ─ na qual um pequeno grupo armado de extrema
esquerda, centrado no PCdoB, tentou derrotar em combate as Forças
Armadas do Brasil, nas décadas de 60 e 70, em confins perdidos na
região central do país. Hoje, mais de 50 anos depois, organizações que
se definem como “progressistas” ou de “ultra-esquerda”, entraram em
guerra contra o livro de Studart. Se estivessem no poder, proibiriam a
publicação de “Borboletas e Lobisomens” e aplicariam uma punição
exemplar ao autor ─ alguma pena prevista, possivelmente, nos
mecanismos de “controle social dos meios de comunicação” que prometem
adotar em seu futuro governo. Como não podem fazer isso, colocaram em
ação o sistema de difamação, sabotagem e notícias falsas que mantém na
mídia e nas redes sociais para tumultuar o lançamento. Ao mesmo tempo,
sua tropa foi posta na frente da livraria escolhida para a noite de
autógrafos, no Rio de Janeiro, com a missão de intimidar os presentes
e perturbar seu acesso ao local.

O delito de Studart foi mencionar em seu livro algumas realidades
incontestáveis e incômodas para os interessados em manter de pé lendas
e mitos sobre o que entendem ser o heroísmo dos “combatentes” da
aventura do Araguaia. Basicamente, o jornalista escreve que diversos
membros da guerrilha trocaram rapidamente de lado, assim que foram
acossados pela tropa do governo ─ e fizeram acordos com os militares
para delatar os companheiros e ajudar os militares na sua captura e
destruição. Refere-se, também, à uma lista de “guerrilheiros” que, em
troca da delação, receberam identidades falsas e se beneficiaram de
programas de proteção a testemunhas operados pelos serviços de
repressão; encontram-se, até hoje, entre os “desaparecidos” do
Araguaia. Studart cita ainda uma das líderes do movimento que, na
verdade, era amante de um agente das Forças Armadas e agia a seu
serviço na guerra contra os companheiros. Registra assassinatos
cometidos entre eles ─ as chamadas “execuções” ou “justiçamentos”.
Enfim, no que talvez seja o ponto no qual mais irrita os inimigos do
seu livro, o autor demonstra que o longo culto ao Araguaia pela
esquerda é, em boa parte, uma questão de dinheiro. Tem a ver com a
operação do sistema de indenizações e benefícios que o contribuinte
brasileiro paga até hoje, e continuará pagando pelo resto da vida,
para pessoas que conseguiram se certificar como “vítimas do regime
militar”.

“Borboletas e Lobisomens” é um livro de 658 páginas, com uma lista de
101 obras consultadas pelo autor, tanto sobre o episódio do Araguaia
em si como sobre História em geral; entra na relação até a
“Metafísica” de Aristóteles. Studart ouviu depoimentos de 72
participantes e familiares, consultou 29 documentos de militantes da
operação e teve acesso a cinco documentos militares, inclusive de
classificação confidencial e secreta. Ao logo de todo o livro, trata
os envolvidos, respeitosamente, como “guerrilheiros” ou “camponeses”.
O relato de delações, homicídios e colaboração com os militares ocupa
apenas uma porção modesta do vasto conjunto da obra. Mas a Polícia do
Pensamento que opera na esquerda brasileira não admite a publicação de
nenhum fato que possa contrariar sua visão oficial de que houve no
Araguaia um conflito entre heróis do PCdoB e carrascos das Forças
Armadas ─ principalmente se esse fato é verdadeiro. Este é o único
tipo de liberdade de expressão que entendem.


17 de agosto de 2018
J.R.Guzzo (Blog Fatos)

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