Como ser vivo o homem é dotado de profundo instinto de sobrevivência. Diante do perigo recua, protege-se, defende-se e se necessário atacará para afastar ou eliminar a ameaça. Em nenhum homem, porém, tal impulso é tão apurado como no homopoliticus, espécie singular do homo herectus, com bons exemplares entre habitantes de Brasília.
A reflexão ocorre-me ao ler no “Correio de Capivari”, editado em minha cidade natal desde 1932, e do qual tenho sido colaborador, notícia publicada na edição de 22 deste mês de julho, sob o seguinte título: “Macris se antecipa e confirma voto favorável às investigações de Michel Temer”.
Macris é o deputado federal pelo PSBD Vanderlei Macris, da cidade de Americana, próspera comunidade paulista onde mantém o principal reduto eleitoral. Fomos ambos eleitos deputados estaduais pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB) no distante ano 1974 Reelegemo-nos em 1978 e 1982, na vitoriosa campanha de Franco Montoro ao governo do Estado. Em 1983 enveredei pelo Poder Executivo como Secretário de Estado do Trabalho e, posteriormente na qualidade de Ministro do Trabalho, até ingressar no Poder Judiciário em 1988 como Ministro do Tribunal Superior do Trabalho.
S. Exa. persistiu no Legislativo, desenvolveu longa e brilhante carreira, até ser conduzido à Câmara dos Deputados em 2006, reelegendo-se em 2010 e 2014.
A notícia do jornal capivariano reproduz altiva declaração do deputado Macris na tribuna da Câmara, feita no dia 12, da qual extraio o seguinte trecho: “Sou favorável pela admissibilidade da investigação do presidente Temer pelo Supremo. E faço isso com a consciência de quem não quer paralisar o País, mas jamais vai tolerar que ele siga pelo caminho errado.” Pouco depois acrescenta S. Exa. “O PSDB não pode ser flexível com o jeitinho. O PSDB tem que ser inflexível com deslize moral. E não podemos deixar os nossos ideais de lado. O Brasil é outro, Sr. Presidente.”
Interpreto a publicação do discurso como prestação de contas do deputado Macris aos eleitores de Americana, Limeira, Campinas, Santa Bárbara D’Oeste, Capivari, Rafard, nem sempre atentos ao que se passa na Câmara dos Deputados. Em viril desafio à vacilante posição do partido tucano, S. Exa. afirmou que comparecerá à sessão da quarta-feira dia 12, e votará no pelo recebimento do pedido de abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal, destinado à elucidação de crimes dos quais é acusado o presidente Michel Temer.
Devo assinalar, a leitores do Diário do Poder, que Michel Temer é natural de Tiete, cidade vizinha de Capivari e próxima de Americana. Temer, como Macris, participou do PMDB de Montoro, Ulisses Guimarães, Orestes Quércia. Hoje pertencem a partidos distintos.
O instinto de sobrevivência do veterano político contribuiu para que Vanderlei Macris revelasse posição favorável à abertura de investigações, e a levasse ao conhecimento do interior paulista, em frontal divergência com dirigentes e parlamentares tucanos que, em 2018, deverão explicar as razões da cômoda permanência sobre o muro.
Concordando ou discordando, é impossível deixar de reconhecer que o deputado Macris honra o mandato que lhe foi conferido.
31 de julho de 2017
Almir Pazzianotto Pinto é advogado; foi Ministro do Trabalho e presidente do Tribunal Superior do Trabalho.
A reflexão ocorre-me ao ler no “Correio de Capivari”, editado em minha cidade natal desde 1932, e do qual tenho sido colaborador, notícia publicada na edição de 22 deste mês de julho, sob o seguinte título: “Macris se antecipa e confirma voto favorável às investigações de Michel Temer”.
Macris é o deputado federal pelo PSBD Vanderlei Macris, da cidade de Americana, próspera comunidade paulista onde mantém o principal reduto eleitoral. Fomos ambos eleitos deputados estaduais pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB) no distante ano 1974 Reelegemo-nos em 1978 e 1982, na vitoriosa campanha de Franco Montoro ao governo do Estado. Em 1983 enveredei pelo Poder Executivo como Secretário de Estado do Trabalho e, posteriormente na qualidade de Ministro do Trabalho, até ingressar no Poder Judiciário em 1988 como Ministro do Tribunal Superior do Trabalho.
S. Exa. persistiu no Legislativo, desenvolveu longa e brilhante carreira, até ser conduzido à Câmara dos Deputados em 2006, reelegendo-se em 2010 e 2014.
A notícia do jornal capivariano reproduz altiva declaração do deputado Macris na tribuna da Câmara, feita no dia 12, da qual extraio o seguinte trecho: “Sou favorável pela admissibilidade da investigação do presidente Temer pelo Supremo. E faço isso com a consciência de quem não quer paralisar o País, mas jamais vai tolerar que ele siga pelo caminho errado.” Pouco depois acrescenta S. Exa. “O PSDB não pode ser flexível com o jeitinho. O PSDB tem que ser inflexível com deslize moral. E não podemos deixar os nossos ideais de lado. O Brasil é outro, Sr. Presidente.”
Interpreto a publicação do discurso como prestação de contas do deputado Macris aos eleitores de Americana, Limeira, Campinas, Santa Bárbara D’Oeste, Capivari, Rafard, nem sempre atentos ao que se passa na Câmara dos Deputados. Em viril desafio à vacilante posição do partido tucano, S. Exa. afirmou que comparecerá à sessão da quarta-feira dia 12, e votará no pelo recebimento do pedido de abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal, destinado à elucidação de crimes dos quais é acusado o presidente Michel Temer.
Devo assinalar, a leitores do Diário do Poder, que Michel Temer é natural de Tiete, cidade vizinha de Capivari e próxima de Americana. Temer, como Macris, participou do PMDB de Montoro, Ulisses Guimarães, Orestes Quércia. Hoje pertencem a partidos distintos.
O instinto de sobrevivência do veterano político contribuiu para que Vanderlei Macris revelasse posição favorável à abertura de investigações, e a levasse ao conhecimento do interior paulista, em frontal divergência com dirigentes e parlamentares tucanos que, em 2018, deverão explicar as razões da cômoda permanência sobre o muro.
Concordando ou discordando, é impossível deixar de reconhecer que o deputado Macris honra o mandato que lhe foi conferido.
31 de julho de 2017
Almir Pazzianotto Pinto é advogado; foi Ministro do Trabalho e presidente do Tribunal Superior do Trabalho.
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