'ELE MANDAVA FAZER', AFIRMA PROCURADOR AO JORNAL 'EL PAÍS'
Um dos procuradores da Operação Lava Jato, Carlos Fernando Santos Lima, falou ao jornal espanhol El País sobre os rumos da investigação do maior caso de corrupção do Brasil. A publicação é desta segunda-feira (19) e, em um dos pontos, Santos Lima reitera que o ex-presidente Lula é o ‘chefe que comandava toda a organização criminosa’.
“É o responsável final, último, e mais importante da decisão. Mandava fazer, não se importava com os detalhes. A partir do momento que você determinou, é responsável por tudo aquilo que acontece embaixo desse guarda-chuva”, explicou o procurador ao ser questionado sobre o comando da quadrilha.
O procurador falou sobre a Lava Jato ter sido vista, inicialmente, como ‘investigação partidária’. Segundo ele, ‘obviamente’ a investigação era sobre o Partido dos Trabalhadores (PT), pois estava há 13 anos no poder e tinha a Petrobras ‘basicamente ali’.
“A partir do momento em que conseguimos extrapolar para uma investigação sobre o próprio financiamento da política no Brasil – que envolve todos os partidos – as pessoas passaram a ter dificuldade de aceitar. Nós nunca usamos esse discurso contra o PT”, explicou.
Após o PT, vieram à tona evidências contra outros partidos. Segundo o procurador, o ‘PT organizou, sistematizou, dentro de um partido, aquilo que era típico de caciques eleitorais. Os outros partidos são assim, como o PMDB. Uma agremiação de caciques eleitorais. Cada um com seu próprio esquema de financiamento e seu esquema de lavagem. Corrupção é corrupção, não importa a metodologia, não é melhor ou pior”, argumentou.
De acordo com Santos Lima, 13 anos do PT é um fato de corrupção. “ E os outros [fatos] têm 100 anos de história. Pode ter sucedido.” Segundo ele, o PT inaugurou uma nova sistemática, no entanto, a corrupção vem ‘desde sempre’.
“(O PT) introduziu um accountability (prestação de contas) no sistema. O tesoureiro passa a ter um controle sobre a corrupção do partido e para onde é dirigido. Isso é um pouco a cara do PT. Os demais são cada um por si, cada um roubando no seu quintal”, avaliou. “Crime é crime, nós temos obrigação de investigar e punir, não importa quem seja.”
O procurador falou ainda sobre o corte no orçamento da Polícia Federal, que acabou afetando a força-tarefa. “Ninguém está isento da redução geral de orçamento que a emenda constitucional impôs [teto de gastos]. Nós até tivemos aumento de dois assessores. Mas isso é empenho do procurador-geral (Rodrigo Janot) que está tirando de um lugar e colocando em outro”, explicou.
Segundo ele, houve redução no número de delegados e o temor é que, ao trocar a superintendência no Paraná, a investigação seja prejudicada. “Qualquer mudança é um problema de resgatar história. É mais indireto. Mas quanto mais chegar na estrutura administrativa do Paraná, mais preocupante”.
Com relação a delações premiadas, Santos Lima afirmou que já não são necessários novos acordos. “Já temos muita informação. Quem chegar, vem atrasado. Vamos exigir pena. Quem diria que o Marcelo Odebrecht ia aceitar dois anos e meio de cadeia. Ele continua preso até o final do ano. O tempo e as circunstâncias justificam um acordo ou não. Joesley, JBS, nunca havia aparecido, não tinha nada. Ficou dois anos e meio fazendo o possível para destruir a investigação. Claro, a Odebrecht tem valor patrimonial e faturamento muito inferior que o da J&F. É preciso analisar todas as circunstâncias. E nós aqui também. Temos oferta de colaborações, que nós recusamos, que a pessoa aceitou teoricamente ficar presa seis anos em regime fechado. Eu disse – não, você chegou tarde, tudo que você está me contando a gente já sabe, e só fazemos acordo se houver fato novo e prova nova”, disse.
19 de junho de 2017
diário do poder
“(LULA) É O RESPONSÁVEL FINAL, ÚLTIMO, E MAIS IMPORTANTE DA DECISÃO", AFIRMOU SANTOS LIMA (FOTO: REPRODUÇÃO) |
Um dos procuradores da Operação Lava Jato, Carlos Fernando Santos Lima, falou ao jornal espanhol El País sobre os rumos da investigação do maior caso de corrupção do Brasil. A publicação é desta segunda-feira (19) e, em um dos pontos, Santos Lima reitera que o ex-presidente Lula é o ‘chefe que comandava toda a organização criminosa’.
“É o responsável final, último, e mais importante da decisão. Mandava fazer, não se importava com os detalhes. A partir do momento que você determinou, é responsável por tudo aquilo que acontece embaixo desse guarda-chuva”, explicou o procurador ao ser questionado sobre o comando da quadrilha.
O procurador falou sobre a Lava Jato ter sido vista, inicialmente, como ‘investigação partidária’. Segundo ele, ‘obviamente’ a investigação era sobre o Partido dos Trabalhadores (PT), pois estava há 13 anos no poder e tinha a Petrobras ‘basicamente ali’.
“A partir do momento em que conseguimos extrapolar para uma investigação sobre o próprio financiamento da política no Brasil – que envolve todos os partidos – as pessoas passaram a ter dificuldade de aceitar. Nós nunca usamos esse discurso contra o PT”, explicou.
Após o PT, vieram à tona evidências contra outros partidos. Segundo o procurador, o ‘PT organizou, sistematizou, dentro de um partido, aquilo que era típico de caciques eleitorais. Os outros partidos são assim, como o PMDB. Uma agremiação de caciques eleitorais. Cada um com seu próprio esquema de financiamento e seu esquema de lavagem. Corrupção é corrupção, não importa a metodologia, não é melhor ou pior”, argumentou.
De acordo com Santos Lima, 13 anos do PT é um fato de corrupção. “ E os outros [fatos] têm 100 anos de história. Pode ter sucedido.” Segundo ele, o PT inaugurou uma nova sistemática, no entanto, a corrupção vem ‘desde sempre’.
“(O PT) introduziu um accountability (prestação de contas) no sistema. O tesoureiro passa a ter um controle sobre a corrupção do partido e para onde é dirigido. Isso é um pouco a cara do PT. Os demais são cada um por si, cada um roubando no seu quintal”, avaliou. “Crime é crime, nós temos obrigação de investigar e punir, não importa quem seja.”
O procurador falou ainda sobre o corte no orçamento da Polícia Federal, que acabou afetando a força-tarefa. “Ninguém está isento da redução geral de orçamento que a emenda constitucional impôs [teto de gastos]. Nós até tivemos aumento de dois assessores. Mas isso é empenho do procurador-geral (Rodrigo Janot) que está tirando de um lugar e colocando em outro”, explicou.
Segundo ele, houve redução no número de delegados e o temor é que, ao trocar a superintendência no Paraná, a investigação seja prejudicada. “Qualquer mudança é um problema de resgatar história. É mais indireto. Mas quanto mais chegar na estrutura administrativa do Paraná, mais preocupante”.
Com relação a delações premiadas, Santos Lima afirmou que já não são necessários novos acordos. “Já temos muita informação. Quem chegar, vem atrasado. Vamos exigir pena. Quem diria que o Marcelo Odebrecht ia aceitar dois anos e meio de cadeia. Ele continua preso até o final do ano. O tempo e as circunstâncias justificam um acordo ou não. Joesley, JBS, nunca havia aparecido, não tinha nada. Ficou dois anos e meio fazendo o possível para destruir a investigação. Claro, a Odebrecht tem valor patrimonial e faturamento muito inferior que o da J&F. É preciso analisar todas as circunstâncias. E nós aqui também. Temos oferta de colaborações, que nós recusamos, que a pessoa aceitou teoricamente ficar presa seis anos em regime fechado. Eu disse – não, você chegou tarde, tudo que você está me contando a gente já sabe, e só fazemos acordo se houver fato novo e prova nova”, disse.
19 de junho de 2017
diário do poder
Nenhum comentário:
Postar um comentário