Horas atrás eu escrevi um texto dizendo que Lula era uma das pessoas mais ingratas do mundo por ter chamado Joesley Batista de canalha.
Lula disse, sobre Joesley: “Um canalha de um empresário disse que abriu uma conta pra Dilma e outra pra mim. Mas está no nome dele. É ele que mexe com a grana”.
Escrevi:
Entre 2007 e 2009, sob Lula, o BNDES injetou R$ 8,1 bilhões na JBS. O MPF estima que o estado perdeu R$ 1,2 nessas transações. O delator disse que os depósitos para Lula e Dilma totalizava US$ 150 milhões de dólares em 2014.
Assim sendo, Lula se converte num dos maiores ingratos de todos os tempos. Com mais alguns empresários fazendo o que a JBS fez para o PT, o partido teria conseguido nos transformar em uma Venezuela.
Viveríamos todos como gados num curral pertencendo a Lula e seus sicários. É claro que hoje não somos escravos de Lula – enquanto os venezuelanos são escravos de Maduro -, mas se isso não aconteceu não foi por falta de apoio da JBS.
Agora vemos a seguinte análise de Francine Galbier, para o JornaLivre:
A delação da JBS que entrega provas contra Aécio Neves e o presidente Michel Temer poderá absolver Lula e Dilma. Até o momento os delatores não entregaram provas que ligam diretamente os petistas ao dinheiro pago através de contas na Suíça, cerca de US$ 150 milhões.
Joesley Batista alega que o crédito foi debitado virtualmente dessas contas com doação para as campanhas petistas, via caixa 1 e 2. Todavia, não existe prova de vínculo direto dessa movimentação com os dois ex-presidentes, o que torna a acusação juridicamente fraca.
Diferente do caso da Odebrecht que foi possível o rastreio de depósitos na conta de João Santana, além de planilhas. A dúvida que fica é se essa acusação frágil foi ou não proposital.
Foi daí que recebi um puxão de orelha: como você, que defende o ceticismo político, pode chamar Lula de ingrato e não de praticante de um teatro?
Vale a explicação. Na verdade, meu texto mencionando Lula como um “ingrato” foi puramente irônico.
Em 22 de maio foi publicado aqui um texto mencionado 12 pontos muito esquisitos no acordo de delação envolvendo JBS, Fachin e Janot.
Não é preciso de memorex para saber que Fachin e Janot foram escolhidos por Dilma, do PT.
Desde o começo estava claro que a coleta de provas estava sendo feita apenas em relação a um lado político nessa questão: e não era o lado do PT.
Já corre nos bastidores a hipótese de que toda a jogada se baseie apenas em desestabilizar o governo Temer e a menção de Lula e Dilma seria feita sem a apresentação de provas exatamente para inocentar os dois últimos.
Isso colocaria Joesley não como um “oponente” do PT, mas seu mais forte aliado no momento. Essa posição também seria ocupada por Janot e Fachin.
A se confirmar essa hipótese – fortíssima, vale lembrar novamente -, é claro que qualquer xingamento feito por Lula em relação a Joesley seria parte de um teatro.
04 de junho de 2017
ceticismo político
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