"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

O REALINHAMENTO INTERNACIONAL DO BRASIL

A realidade brasileira anda tão conturbada que não há espaço para tratar das transformações estratégicas necessárias para o país retomar os trilhos do crescimento. A crise política e o estrangulamento fiscal sorvem todas as energias.

Mas uma das questões essenciais na agenda nacional é uma guinada profunda em nossas relações com o mundo. A tradição brasileira é de uma ação qualificada e reconhecida nos quatro cantos, por seu compromisso com o multilateralismo, a paz e o diálogo. O Itamaraty sempre foi uma das ilhas de excelência do Estado brasileiro. Um nicho de competência e profissionalismo, depositário de uma política pública permanente.

Infelizmente, nos últimos 13 anos, os governos do PT fizeram uma mudança radical, quebrando as boas tradições da diplomacia brasileira. Em vez da histórica postura serena e construtiva, bravatas e retórica vazia de um protagonismo inexistente. Em vez do pragmatismo em defesa do interesse nacional, baboseiras ideológicas em nome de um “bolivarianismo” estéril. As manobras desastradas visando a um assento no Conselho de Segurança da ONU beiraram o ridículo. A hostilidade explícita ou sutil aos Estados Unidos e à União Europeia queimou oportunidades importantes.


A possibilidade de uma inflexão radical em nossa política externa pode se converter em um dos grandes legados do governo Michel Temer. Num mundo globalizado, boa parte das respostas que procuramos não será achada dentro de nossas fronteiras. 
A transferência do setor de comércio exterior para o Itamaraty sinaliza bem as novas diretrizes que orientarão o Brasil em sua relação com os outros países. 
O discurso do presidente Temer na abertura da Assembleia Geral da ONU aponta nessa direção.

A primeira diretriz é o realinhamento do Brasil no mundo. A associação com países autoritários e bolivarianos em nome de valores ideológicos frágeis e questionáveis será substituída pela ação pragmática na defesa dos interesses nacionais, tirando o atraso e construindo acordos comerciais vantajosos com os países desenvolvidos, com os Brics e com a América Latina.

A eficácia e a agilidade já foram demonstradas na ratificação-relâmpago do Tratado de Paris. Apenas 27 países o tinham feito. O Brasil sempre teve papel destacado na defesa do desenvolvimento sustentável. 
O compromisso de redução da emissão de gases que impactam o efeito estufa e as mudanças climáticas foi um marco já conquistado pelo governo Temer.

Também a firmeza demonstrada no âmbito do Mercosul, inviabilizando a Presidência da Venezuela, por descumprimento de compromissos essenciais com a democracia e os direitos humanos, e a perspectiva de fechamento acelerado do acordo do bloco com a União Europeia mostram as importantes mudanças que vêm ocorrendo no front externo.

A nova política externa implementada pelo governo Temer certamente concorrerá para restabelecer a credibilidade do país e a confiança externa nas instituições e nas políticas públicas brasileiras.

Ou seja, menos fraseologia terceiro-mundista, mais eficiência na defesa dos interesses nacionais.


29 de setembro de 2016
Marcus Pestana é deputado federal pelo PSDB-MG.

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