Este domingo, os brasileiros vão às urnas. A partir desta eleição, o destino do país nos próximos quatro anos começa a ser traçado. A imprevisibilidade do resultado é a grande marca deste pleito.
Não é possível dizer agora quem estará em um eventual segundo turno. O senador Aécio Neves (PSDB) e a ex-senadora Marina Silva (PSB) têm, praticamente, as mesmas chances de estar presentes na segunda fase de votação, de acordo com as últimas pesquisas, considerando as margens de erros. Um deles deve disputar com a presidente Dilma Rousseff (PT).
Ainda há um outro fator importante a considerar. O número de indecisos, ainda que não seja mais muito grande, aponta para a indefinição. Normalmente, os votos dos indecisos se distribuem nas mesmas proporções dos votos já definidos. Mas essa é apenas uma tendência. Não há como assegurar se essa distribuição assim será.
A última movimentação dos candidatos também poderá ser decisiva para as definições finais. Uma frase mal colocada, uma ação impensada podem derrotar ou alçar um candidato diante de uma disputa tão acirrada.
PAÍS DIVIDIDO
Mas tudo isso indica como o país está dividido. Não existe mais hegemonia de nenhum projeto. A insatisfação com o atual quadro é perceptível, mas não é majoritária. E mais grave do que a divisão das forças é a radicalização das posições. O Brasil vive um momento de ódio e amor. Os seguidores do governo federal, especialmente os petistas, e o grupo que reprova a administração federal – o antipetismo – não aliviam. Eles traçam um duelo aberto nas redes sociais, nas ruas, em suas casas e até mesmo em suas relações mais pessoais. É como o clássico mineiro: Atlético e Cruzeiro. Não há meio-termo, não há possibilidade de revisão de posição. E mais importante do que torcer pela vitória de um lado é promover a derrota do outro.
Em meio a tantas indefinições, as pesquisas divulgadas ontem ainda abrem a possibilidade, ainda que pequena, de uma vitória de Dilma Rousseff no primeiro turno. Ela ainda precisa crescer de três a cinco pontos percentuais, e seus adversários necessitam manter seus patamares para que isso ocorra.
Considerando essa hipótese de Dilma ser eleita no primeiro turno, a chance de ela comandar um país dilacerado não é pouca. A governabilidade não será missão fácil para a presidente. Essa é a vantagem do segundo turno: unificar forças opostas e criar uma massa com mais liga para a administração.
Por outro lado, a inexistência do segundo turno abre respaldo para o eleito. Assim, a presidente poderá ter forte oposição e, ao mesmo tempo, base de apoio unificada. Em outras palavras, vai ter o país como ele é hoje.
05 de outubro de 2014
Carla Kreefft
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