"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

RICOEUR: EM DEFESA DA NARRATIVA

 

Ando estudando Teoria da História, em especial da História Cultural, dentro do programa de doutorado em História da Universidade de Brasília.
A professora Cléria Botelho Costa, minha orientadora, designou-me para dar um seminário sobre um texto clássico do filósofo francês Paul Ricoeur. Trata-se de um dos mais relevantes teóricos contemporâneos. Uma de suas contribuições à academia é ter traçado paralelos entre a história e a ficção.
Coube a mim tecer comentários sobre o capítulo "Em Defesa da Narrativa", do livro "Tempo e Narrativa - Tomo 1" (Campinas: Editora Papirus, 1994).
É um texto hermético ao extremo -- diria até pernóstico, pedante -- de uma aridez intelectual impressionante. Não sei se o falecido professor teria sido idem. Só sei que o texto, apesar de academicamente relevante, é um dos mais áridos já produzidos pela intelectualidade parisiense.
Abaixo, disponibilizo minhas anotações para compartilhar com os colegas. Disponibilizo também as anotações do meu colega de turma Hélio Mendes. Primeiro as dele. Ambas precisam de revisões. De qualquer forma, estão aí. Talvez os ajude a compreender um pouco a contribuição do professor Ricoeur:
 
Paul Ricoeur, “Tempo e Narrativa” – Em Defesa da Narrativa, 1984
Anotações de Hélio Mendes

Estabelecendo uma síntese para a diversidade temporal através da narrativa, Paul Ricoeur aborda, no primeiro volume de sua obra, a configuração das narrativas históricas, em particular no debate imposto pelos partidários do eclipse do acontecimento na historiografia francesa contemporânea aos argumentos da filosofia analítica encontrada na língua inglesa, defendidos essencialmente por W. Dray, Von Wright e Danto, que apesar de insistirem na dimensão narrativa, o fazem não necessariamente na mesma dimensão explicativa que o filósofo francês. O autor destaca a importância da escrita e da hermenêutica como parte importante de um projeto intelectual.

Elencando como premissa a crítica ao modelo nomológico e a subsunção do conhecimento histórico submetido a leis, o filósofo admite a narrativa e a leitura como pressuposto essencial para a compreensão da história. A partir da narrativa o ato da escrita historiográfica não só ganha similitude com o verossímil, como faz a relação entre a intenção e a ação, como pressupostos não-independentes.
“O desafio principal da História não é reconhecer as ações como poderiam fazê-lo testemunhas, mas como fazem os historiadores em relação a acontecimentos ulteriores e enquanto partes de totalidades temporais”. (RICOEUR, 1984)

Assim, o filósofo demonstra a interdependência entre os fatos, pressuposto essencial da estrutura das frases narrativas: ... Uma lista de fatos sem ligação entre si não é uma narrativa. A intriga, elemento de ligação, faz parte da tessitura do texto histórico, para o historiador, a verdade e o sentido de um acontecimento são relativos ao sentido e a verdade de outro acontecimento. Não se distingue dessa maneira, a narrativa do conhecimento histórico.

“A história é uma narrativa de eventos: todo o resto resulta disso. Já que é, de fato, uma narrativa, ela não faz reviver esses eventos, assim como tampouco o faz o romance; o vivido, tal como ressai das mãos do historiador, não é dos atores; é uma narração. (...) Como o romance, a história seleciona, simplifica e organiza”. (VEYNE, 1998: 18)

Os escritos de Paul Veyne reforçam a importância da narrativa na compreensão da história, ligado ao aspecto ficcional e a explicação da mesma. Para Ricoeur, “uma narrativa já é, pela sua estrutura, uma forma de explicação”. Dessa forma, o encadeamento de acontecimentos obedece a uma estrutura que, para o autor, permite, percorrendo os eventos anteriores a partir do fim, da conclusão, perceber a tessitura da intriga, notadamente útil ao texto histórico.

“Uma história que não comportasse nem surpresas, nem coincidências, nem encontros, nem conhecimento, não reteria nossa atenção”. (RICOUER, 1984)
Dessa maneira, a narrativa torna-se essencial na reordenação dos acontecimentos, tornando o texto histórico inteligível. O que o autor chama de explicação é somente a maneira que a narrativa tem de se organizar numa intriga compreensível, que o historiador, mostrar o seu desenrolar. Para que a narrativa tenha realmente o seu caráter explicativo, é necessário que o historiador opere, segundo o filósofo, coligações que freqüentemente são atribuídas ao conhecimento histórico. Seguindo a História, através de seus eventos elencados, o historiador na própria reescrita, explica a ordem dos acontecimentos, reafirmando mais um pressuposto de Ricoeur, o de que a História é, intrinsecamente, historiografia.

O conceito de mimesi

Fundamental para o entendimento da obra de Ricoeur é a sua conceituação de mimesi e muthos (tessitura da intriga). O percurso narrativo parte do mundo da vida, ainda não narrado, passa pela configuração da trama e encontra o mundo da vida do leitor. Entendido em sua obra que o entendimento de mimesi como somente réplica do idêntico, deve ser abandonado, a mímesi aqui, deve ser encarada em seu sentido aristotélico, como parte da natureza humana e caracterizadora de seu aprendizado. Dessa forma, o autor fragmenta esse conceito, na intenção de permitir o vislumbramento da compreensão de um texto histórico:

• Mímesi I - mundo prático ainda não explorado pela atividade poética, portanto, ainda não narrado. Referência ao que precede a composição poética. (pré-figuração)

• Mímesi II – o ato de construção poética e narrativa. Composição propriamente dita – criação. (configuração)

• Mímesi III – atividade de leitura, ponto de chegada do leitor. (refiguração)

Ao se definir a mímesi como imitação, deve-se entendê-la como imitação criadora, e se ela for traduzida por representação, necessita-se não pensar em uma representação duplicada, mas em abertura para ficção, útil na tessitura da intriga. A tessitura da trama e a atividade mimética são compreendidas pelo autor como empreendimento humano, como um fazer, como um criar, que, mesmo quando imita, produz algo. Assim, são processos ou operações, jamais estruturas fixas.

O texto, como configuração da ação (mímesi II), serve como mediação entre a prefiguração do campo prático (mímesi I) e a sua refiguração pela recepção ou leitura do texto (mímesi III).

Enquanto coloca ordem e configura os acontecimentos em texto, a intriga fornece um fio condutor a ser seguido pelo historiador. Por meio desse caminho o leitor pode compreender o que se narra. Compondo a intriga o historiador faz surgir o “inteligível do acidental, o universal do singular, o necessário e o verossímil do episódico”.

Olhando a narrativa como um todo, chega-se a conclusão que a intriga busca explicar, no intuito de fazer-se compreender. Afinal, segundo autor, compreender uma História é compreender como seus episódios conduziram a um desfecho de forma coerente.

A partir de sua hermenêutica do discurso histórico, Ricoeur explicita a intenção do autor ao produzir o texto, e não apenas a compreensão do texto enquanto texto.

Referências bibliográficas
Barbosa, Rogério Monteiro. A tríplice concepção de mimese de Paul Ricoeur e a narrativa jurídica. Disponível em: http://www.conpedi.org/manaus/arquivos/anais/salvador/rogerio_monte... Acesso em 08/06/2009, às 21h30min.
Nicolazzi, Fernando. Uma teoria da História: Paul Ricoeur e a hermenêutica do discurso historiográfico. Disponível em: http://www.ichs.ufop.br/nehm/images/Artigos_nehm/art_fernando_1.pdf Acesso em 08/06/2009, às 21h35min h.
Ricoeur, Paul. Tempo e Narrativa. Campinas, SP: Papirus, 1994.
Anotações de Hugo Studart

HISTÓRIA E FICÇÃO

A idéia central de “Tempo e Narrativa”, um tratado hermenêutico, é o da extrema proximidade entre história e ficção. Para Ricoeur, a hermenêutica é a teoria das operações da compreensão em sua relação com a interpretação de textos. A partir dela compreende o tempo, a ação e as identidade humanas, incluindo a ética e a justiça.
Ele adota o ato de leitura como um momento interpretativo caracterizador tanto das narrativas históricas quanto da ficção. Sobre o tempo, PR argumenta que não tem função própria, a não ser o de indicar a organização da narrativa por meio de seus indícios, tais como os modos de tempos verbais.

“A ficção é quase histórica, tanto quanto a história é quase fictícia”. A ficção se assemelha à história por lidar com acontecimentos irreais como se fossem fatos passados, isso por meio da voz narrativa. Tanto quanto a história se assemelha à ficção por relatar acontecimentos reais, criados pela narrativa.

IMAGINÁRIO

Representa para PR o ponto fundamental para a construção da história, pois para relacionar o tempo vivido ao tempo do mundo seria necessário construir conectores para manejar essa relação. Aos conectores seria assegurada a virtude de tornarem o tempo legível aos olhos humanos, tal qual faz o calendário.

História e ficção, ambas as matrizes de pensamento recorrem às mediações imaginárias na refiguração do tempo, o que justifica, por exemplo, os empréstimos tomados da literatura pela história, quanto aos modos de discurso que apresentam, muitas vezes, ora uma estrutura de romance, oura irônica, cômica, etc.
Para ele, é a mimesis que efetua a ligação entre a Ética (real) e a Poética (imaginário). O tecer da intriga projeta um mundo. E pergunta: Se perdermos a inteligência narrativa, essa capacidade de articular presente, passado e futuro, não perderíamos nossa capacidade de projetar?

EM DEFESA DA NARRATIVA

O capítulo trata, essencialmente, da aproximação entre a história e a narrativa. Isso nasceu da conjunção de dois movimentos do pensamento. Primeiro, o enfraquecimento do modelo nomológico. Em paralelo, houve uma reavaliação da narrativa e de suas fontes de inteligibilidade.
Para os defensores do modelo nomológico, a narrativa era um modo de articulação elementar e pobre demais para pretender explicar. Para eles, a narrativa só tem um caráter episódico e não tem caráter configurante. E por isso que, entre história e narrativa, viam uma ruptura epistemológica.

INVOCANDO AUTORES

Ricoeur usa o método de invocar uma série de autores para tecer sua própria intriga. Começa com William Dray, vai para Georg Henrik Von Wright, Arthur Danto, W. Gallie, Louis Mink, Hayden White e por fim Paul Veyne.

CIÊNCIAS NATURAIS VS HUMANAS

Ricoeur começa o cap. analisando o Modelo Nomológico, utilizando-se da visão de William Dray, teórico da história canadense. Dray destacou-se como um crítico das tendências positivistas, tendo enfatizado que os modelos explicativos das ciências naturais são insuficientes nas ciências humanas (Laws and Explanation in History, 1957; Philosophy of History, 1964, e Perspectives on History, 1980)

O QUE É MODELO NOMOLÓGICO

Nomológico vem da palavra grega nomos, Lei. O método (modelo) dedutivo-nomológico é uma visão formalizada da explicação científica em linguagem natural. Caracteriza as explicações científicas primariamente como argumentos dedutivos com ao menos uma lei natural entre as premissas.

O método é conhecido por muitos nomes, incluindo "método da lei de cobertura", "teoria da subsunção", “modelo Hempel-Oppenheim" e "modelo Popper-Hempel". Esse método foi inicialmente formalizado Carl Hempel e Paul Oppenheim em artigo de 1948. Depois Karl Popper teceu um esboço disso em 1959.

Essa é uma parte importante sobre a discussão sobre a natureza da explicação científica. As sentenças que formulam a informação explanatória são as sentenças explanans e seu conjunto é o explanans. A conclusão do explanans é o explanandum. Os componentes do explanans são as leis, ou teorias explicativas que funcionam, e as condições iniciais, enquanto que o fato a ser comprovado é o explanandum.

Um exemplo de como isso é utilizado seria a descrição científica à reação do hidróxido de sódio com o ácido clorídrico. A reação que gera cloreto de sódio e água é o explanandum, o fato a ser observado e comprovado e que acontece porque toda reação entre ácido e base gera sal e água e é necessário que haja condições para isto, o explanans.

RICOEUR DESCONTRUINDO O MODELO NOMOLÓGICO

Ricoeur tira duas conclusões provisórias para compreender a história, ambas questionando o modelo nomológico:

1. Noção de acontecimento – a rejeição do modelo nomológico parece implicar um retorno à concepção do acontecimento como único. A asserção é falsa, se vincularmos à idéia de unicidade da tese metafísica de que o mundo é feito de partículas radicalmente dessemelhantes: a explicação torna-se então impossível. Mas a asserção é verdadeira, se se quer dizer que, diversamente das ciências nomológicas, o historiador quer descrever e explicar o que efetivamente aconteceu em todos os seus detalhes concretos. Mas então o que o historiador entende como único e que não existe nada exatamente semelhante ao seu objetivo de estudo. Seu conceito de unicidade é, pois, relativo ao nível de precisão que escolheu para seu estudo.

2. Explicação das diferenças – explicar, para um historiador, é defender suas conclusões contra um adversário que invocaria um outro conjunto de fatores para sustentar sua tese. O historiador, aqui, segue mais a lógica da escolha prática do que a da dedução científica.

CONTRIBUIÇÃO DE RICOEUR

A questão é então saber se a reconquista dos traços configurantes da narrativa justifica a esperança de que a compreensão narrativa adquire valor de explicação, na própria medida em que paralelamente a explicação história cessa de ser medida pelo padrão do modelo nomológico.

Sua contribuição ao problema nascerá da confissão de que uma concepção narrativa da história só responde parcialmente a essa expectativa. Essa concepção nos diz em qual modalidade prévia de compreensão a explicação está engastada, mas não nos dá um equivalente ou o substituto narrativo da explicação. É por isso que PR estará em busca de um laço mais indireto entre explicação histórica e compreensão narrativa.

HISTÓRIA É SOBRE O PASSADO

Critica a filosofia da historia hegeliana, que tem a pretensão de apreender a totalidade da história. Falar da totalidade da história é compor uma visão de conjunto do passado e do futuro. Ora, pronunciar-se sobre o futuro é extrapolar configuração e encadeamentos do passado em direção ao futuro. Mas não pode existir história do futuro (nem tampouco história do presente) em virtude da natureza das frases narrativas, que redescrevem os acontecimentos.

Uma descrição completa de um acontecimento deveria, então, registrar tudo o que aconteceu na ordem em que aconteceu. Mas quem poderia fazê-lo? Só um Cronista Ideal poderia ser a testemunha absolutamente fiel e absolutamente certa desse passado inteiramente determinado. Em relação a esse ideal de descrição completa e definida, a tarefa do historiador seria somente eliminar frases falsas, reestabelecer a ordem perturbada das frases verdadeiras e acrescentar o que faltasse ao testemunho.

EXPLICAR E DESCREVER

Explicar e descrever – no sentido da frase narrativa – são tidos muito tempo como indiscerníveis. (...) Uma lista de fatos sem ligações entre si não é uma narrativa (crítica à história positivista). É por isso, também, que descrever e explicar não se distinguem. Ou, segundo a forte expressão de Danto, “a história é de uma só peça”. O que se pode distinguir é a narrativa e as provas materiais que a justifica: uma narrativa não se reduz a um sumário de seu próprio aparato crítico. Mas a distinção entre narrativa e seu suporte conceitual ou documental não consiste em distinguir dois níveis de composição. Explicar porque alguma coisa aconteceu e descrever o que aconteceu coincidem.

As narrativas referem-se à realidade de uma maneira diferente dos discursos descritivos diretos. Há um distanciamento duplo da referência ostensiva: pela escrita e pela elaboração da obra. A qual realidade as narrativas se referem?

HISTORY E STORY

O que é uma história que se conta (story)? E o que é “seguir” uma história? Vê-se que esse esboço da noção de historia (story) não está longe daquilo que chamamos acima de tessitura da intriga.

Seguir uma história, com efeito, é compreender as ações, os pensamentos e os sentimentos sucessivos enquanto apresentam uma direção particular: entendamos por isso que somos impulsionados para frente pelo desenvolvimento, a partir do momento em que respondemos a esse impulso por expectativa concernentes ao remate a ao desenlace do processo inteiro. Percebe-se desde esse instante como compreensão e explicação estão inextricavelmente misturadas no processo.

Toda narrativa explica-se por sim mesma, no sentido de que contar o que aconteceu já é explicar porque isso aconteceu.
História: fala da criação de um terceiro tempo e da inscrição do tempo vivido no tempo cósmico.
Ficção: possibilidades através das variações imaginativas.

EVIDÊNCIA

Já a história que escrevemos é a de ações cujos projetos ou resultados podem ser reconhecidos como aparentados aos de nossa própria ação; nesse sentido, toda história é fragmento ou segmento de um só mundo da comunicação. Se essa continuidade narrativa entre story e history foi tão pouco notada no passado, é porque os problemas colocados pela ruptura epistemológica entre ficção e história, ou entre mito e história, fizeram com que toda a atenção fosse colocada na questão da prova (evidência).

HISTÓRIA E LITERATURA

Hidden White reorganiza a relação entre história e ficção segundo linhas diversas das de uma epistemologia. O primeiro pressuposto é que ficção e história pertencem à mesma classe quanto à estrutura narrativa. O segundo pressuposto: a aproximação entre história e ficção envolve uma outra entre história e literatura

COMO SE ESCREVE A HISTORIA (Paul Veyne)

O livro pode ser lido como um hábil entrecruzamento de dois motivos: a história não passa de uma narrativa verídica, a história é uma ciência por demais sublunar para ser explicada por leis. Rebaixar a pretensão explicativa, elevar a capacidade narrativa: os dois movimentos equilibram-se num incessante jogo de báscula.
Veyne aqui se torna provocativo: a história tem uma critica e uma tópica, mas não um método. Não tem método?

Entedamos: não tem regra para fazer a síntese dos fatos. Se o campo histórico é completamente indeterminado, tudo o que aí se encontra realmente ocorreu, mas numerosos itinerários podem ser aí traçados. Quanto à arte de traçá-los, ela depende do gênero histórico, com os diferentes modos que se teve de concebê-lo através de todos os séculos.

É preciso fazer justiça a duas teses complementares: que a história não tem método, mas uma crítica e uma tópica. Veyne pede-nos aqui para aceitar juntas duas teses à primeira vista discordantes: que não há nada a compreender na história senão intrigas;que o prolongamento do questionário equivale a uma conceitualização progressiva. De um lado é preciso admitir que a noção de intriga não está ligada à história factual, que há intriga igualmente na historia estrutural; assim ampliada, a compreensão da intriga não somente não contradiz, mas reivindica o progresso na conceituação.

A força do pensamento de Veyne é ter conduzido até esse ponto crítico a idéia de que a história é só construção e compreensão de intrigas.


17 de julho de 2014
 

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