As raças humanas não seriam mera “construção social”, mas entidades com bases biológicas reais. Mais importante, as diferenças genéticas entre as raças poderiam até explicar, em parte, o fato de europeus terem criado nações desenvolvidas, enquanto africanos ainda sofrem com pobreza e guerras tribais.
Para ele, essa cautela tem muito de autocensura politicamente correta. O estudo cada vez mais detalhado do genoma humano indicaria, segundo ele, que há motivos para considerar as raças como biologicamente distintas.
Os principais argumentos de Wade são condensados num mantra com três palavras-chave: os dados de DNA mostrariam que a evolução humana é “recente”, “abundante” e “regional”.
Nos 10 mil anos desde a invenção da agricultura, os humanos se adaptaram à vida em grandes densidades populacionais, cultivando plantas e criando animais. As populações explodiram, assim como variantes genéticas e oportunidades para adaptação a novos ambientes.
Exemplo: muitas pessoas são capazes de digerir leite na vida adulta, mas isso só apareceu depois que as vacas foram domesticadas.
Essa evolução “recente” teria sido tão “abundante” que afetou cerca de 15% do genoma humano. E, também, “regional”, já que cada população se adaptou à sua área.
“…vespeiro da genética comportamental”
Wade argumenta que não faz sentido esperar que tal variação do DNA não tenha afetado coisas como o comportamento e a inteligência, que também parecem ter componente genética. Europeus, chineses e japoneses, com séculos de vida em cidades, teriam passado por uma seleção natural que, na média, favoreceu genes que ajudam a viver nessas condições. Isso seria um dos motivos de sua predominância hoje em dia.
Nesse ponto, o livro se torna altamente especulativo, o próprio Wade reconhece. Ninguém faz a menor de ideia de quais seriam esses genes “de Primeiro Mundo”.
“Não acho que haja algo de errado com a especulação, desde que você deixe isso claro ao leitor”, disse o autor à Folha. “Que outro jeito há de explorar o desconhecido?”.
Para Wade, as variantes genéticas mais importantes para o desenvolvimento não seriam necessariamente as ligadas à inteligência, mas as que favorecem a coesão social, como a capacidade de confiar em outras pessoas. Ele também faz questão de assinalar que os genes são só parte de uma equação na qual a cultura tem grande peso.
“Uma herança problemática”. Será?
Folha de São Paulo, 06/06/2014.
09 de junho de 2014
Nicholas Wade, jornalista, mexe no vespeiro da genética comportamental
Autor advoga que evolução deu a europeus e asiáticos genes favoráveis à vida em grandes cidades
Essas são as principais teses de “A Troublesome Inheritance” (Uma Herança Problemática), novo livro do jornalista britânico Nicholas Wade, 72, que acaba de ser publicado nos EUA. Após quase 50 anos de carreira, 30 deles no “New York Times”, Wade mexeu num dos maiores vespeiros da ciência atual.Para ele, essa cautela tem muito de autocensura politicamente correta. O estudo cada vez mais detalhado do genoma humano indicaria, segundo ele, que há motivos para considerar as raças como biologicamente distintas.
Os principais argumentos de Wade são condensados num mantra com três palavras-chave: os dados de DNA mostrariam que a evolução humana é “recente”, “abundante” e “regional”.
Nos 10 mil anos desde a invenção da agricultura, os humanos se adaptaram à vida em grandes densidades populacionais, cultivando plantas e criando animais. As populações explodiram, assim como variantes genéticas e oportunidades para adaptação a novos ambientes.
Exemplo: muitas pessoas são capazes de digerir leite na vida adulta, mas isso só apareceu depois que as vacas foram domesticadas.
Essa evolução “recente” teria sido tão “abundante” que afetou cerca de 15% do genoma humano. E, também, “regional”, já que cada população se adaptou à sua área.
“…vespeiro da genética comportamental”
Especulação
Nesse ponto, o livro se torna altamente especulativo, o próprio Wade reconhece. Ninguém faz a menor de ideia de quais seriam esses genes “de Primeiro Mundo”.
“Não acho que haja algo de errado com a especulação, desde que você deixe isso claro ao leitor”, disse o autor à Folha. “Que outro jeito há de explorar o desconhecido?”.
Para Wade, as variantes genéticas mais importantes para o desenvolvimento não seriam necessariamente as ligadas à inteligência, mas as que favorecem a coesão social, como a capacidade de confiar em outras pessoas. Ele também faz questão de assinalar que os genes são só parte de uma equação na qual a cultura tem grande peso.
“Uma herança problemática”. Será?
09 de junho de 2014
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