A taxa de suicídio no Brasil cresceu 10,4% de 2000 a 2012. Para especialista Carlos Cais, o Brasil falha ao não adotar as estratégias preventivas.
O primeiro relatório da OMS (Organização Mundial da Saúde) sobre prevenção do suicídio, lançado em 2014, começa com uma afirmação taxativa: o suicídio pode ser prevenido.
Apesar disso, a cada 40 segundos* uma pessoa morre por suicídio em algum lugar do mundo, totalizando mais de 800 mil mortes por ano. Essa é a segunda causa de morte em jovens entre 15 e 29 anos, responsável por 50% das mortes violentas entre homens e por 71% entre mulheres.
Apesar de cada suicídio representar uma tragédia, a taxa global desse tipo de morte sofreu uma redução de 26% entre 2000 e 2012. Isso se deve ao fato de que vários países adotaram estratégias de prevenção do suicídio, adaptadas de acordo com suas condições locais.
O Brasil, no entanto, vai na contra mão do mundo: no mesmo período, segundo a OMS, a taxa de suicídio no país cresceu 10,4%. “Embora ainda apresentemos uma taxa de suicídio relativamente baixa – temos de 11 mil a 12 mil mortes por suicídio por ano -, os números estão piorando sequencialmente”, afirma o psiquiatra Carlos Cais, professor-colaborador do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (Universidade de Campinas).
Para o especialista, o Brasil falha ao não adotar as estratégias de prevenção recomendadas pela OMS: “São medidas simples de ser implementadas e de baixo custo que comprovadamente ajudam a diminuir a incidência de casos.”
Veja também: Falta de informação ajuda a estigmatizar os transtornos mentais
O suicídio é um problema de saúde pública e um fenômeno multicausal, ou seja, não tem uma única causa definida, mas é influenciado por uma combinação de fatores, como transtornos mentais e questões socioculturais, genéticas, psicodinâmicas, filosófico-existenciais e ambientais.
A adoção de medidas preventivas se torna ainda mais necessária se considerarmos que aproximadamente 75% dos casos de suicídio ocorrem em países de renda baixa ou média que nem sempre dispõem de sistemas de saúde acessíveis a toda população.
Veja quais as recomendações para a prevenção de suicídios feitas pela OMS e sua relevância:
1. Promover o suporte e a reabilitação das pessoas com comportamento suicida.
Considerando que o número de tentativas de suicídio é cerca de 20 vezes maior que o número de suicídio e que uma pessoa que tenha tentado se matar tem um risco muito alto de vir a cometer suicídio no futuro, é importante concentrar a atenção em pessoas que já tiveram comportamento suicida, que pode incluir não apenas a tentativa e a realização do suicídio, mas também a ideação suicida (pensamento e intenção de cometer suicídio) e o planejamento do ato.
2. Melhorar o diagnóstico e o tratamento dos transtornos mentais.
“É extremamente importante identificar os sinais de transtornos mentais que em geral estão relacionados a comportamentos suicidas, como depressão e transtorno bipolar, para que essas pessoas possam ser cuidadas, tendo a cautela, ao mesmo tempo, de não definir como doente quem não tem transtorno mental”, explica o médico psiquiatra e professor de Psiquiatria da Unicamp Luís Fernando Tófoli.
3. Aumentar a atenção entre profissionais de saúde para suas próprias atitudes e tabus em relação à prevenção do suicídio e às doenças mentais.
Ambos os psiquiatras consultados afirmam que ainda há um estigma muito grande envolvendo o suicídio e os transtornos mentais por parte de profissionais de saúde, o que faz com que muitas pessoas deixem de pedir ajuda.
Apesar de cada suicídio representar uma tragédia, a taxa global desse tipo de morte sofreu uma redução de 26% entre 2000 e 2012. Isso se deve ao fato de que vários países adotaram estratégias de prevenção do suicídio, adaptadas de acordo com suas condições locais.
O Brasil, no entanto, vai na contra mão do mundo: no mesmo período, segundo a OMS, a taxa de suicídio no país cresceu 10,4%. “Embora ainda apresentemos uma taxa de suicídio relativamente baixa – temos de 11 mil a 12 mil mortes por suicídio por ano -, os números estão piorando sequencialmente”, afirma o psiquiatra Carlos Cais, professor-colaborador do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (Universidade de Campinas).
Para o especialista, o Brasil falha ao não adotar as estratégias de prevenção recomendadas pela OMS: “São medidas simples de ser implementadas e de baixo custo que comprovadamente ajudam a diminuir a incidência de casos.”
Veja também: Falta de informação ajuda a estigmatizar os transtornos mentais
O suicídio é um problema de saúde pública e um fenômeno multicausal, ou seja, não tem uma única causa definida, mas é influenciado por uma combinação de fatores, como transtornos mentais e questões socioculturais, genéticas, psicodinâmicas, filosófico-existenciais e ambientais.
A adoção de medidas preventivas se torna ainda mais necessária se considerarmos que aproximadamente 75% dos casos de suicídio ocorrem em países de renda baixa ou média que nem sempre dispõem de sistemas de saúde acessíveis a toda população.
Veja quais as recomendações para a prevenção de suicídios feitas pela OMS e sua relevância:
1. Promover o suporte e a reabilitação das pessoas com comportamento suicida.
Considerando que o número de tentativas de suicídio é cerca de 20 vezes maior que o número de suicídio e que uma pessoa que tenha tentado se matar tem um risco muito alto de vir a cometer suicídio no futuro, é importante concentrar a atenção em pessoas que já tiveram comportamento suicida, que pode incluir não apenas a tentativa e a realização do suicídio, mas também a ideação suicida (pensamento e intenção de cometer suicídio) e o planejamento do ato.
2. Melhorar o diagnóstico e o tratamento dos transtornos mentais.
“É extremamente importante identificar os sinais de transtornos mentais que em geral estão relacionados a comportamentos suicidas, como depressão e transtorno bipolar, para que essas pessoas possam ser cuidadas, tendo a cautela, ao mesmo tempo, de não definir como doente quem não tem transtorno mental”, explica o médico psiquiatra e professor de Psiquiatria da Unicamp Luís Fernando Tófoli.
3. Aumentar a atenção entre profissionais de saúde para suas próprias atitudes e tabus em relação à prevenção do suicídio e às doenças mentais.
Ambos os psiquiatras consultados afirmam que ainda há um estigma muito grande envolvendo o suicídio e os transtornos mentais por parte de profissionais de saúde, o que faz com que muitas pessoas deixem de pedir ajuda.
Portanto, é essencial que esses profissionais sejam treinados para lidar de forma adequada com as doenças mentais e com os sentimentos que os casos de tentativa de suicídio podem gerar neles.
4. Identificar e reduzir a disponibilidade e o acesso aos meios para se cometer o suicídio.
“Países que adotaram medidas para dificultar o acesso a medicamentos, armas de fogo e pesticidas, meios que costumam ser usados em tentativas de suicídio, conseguiram reduzir suas taxas”, revela o dr. Cais.
5. Aumentar o conhecimento através da educação pública sobre doenças mentais e seu reconhecimento precoce.
Esse é um ponto bastante importante, pois quanto mais cedo as pessoas souberem reconhecer os sinais e sintomas de um transtorno mental, maiores suas chances de buscar ajuda precocemente. Nesse sentido, a divulgação correta de informações em escolas, centros de saúde e em veículos de comunicação é extremamente importante.
6. Auxiliar a mídia sobre como noticiar suicídios.**
“Há um consenso entre especialistas de que o fenômeno do suicídio sofre contágio pela mídia e de que há maneiras pelas quais ele não deva ser retratado. Por exemplo, ele não deve ser romantizado nem devemos revelar detalhes sobre o ato, mas é importante divulgar serviços de atendimento”, afirma o dr. Tófoli.
7. Incentivar a pesquisa na prevenção de suicídio.
“Quanto mais soubermos a respeito dos fatores que envolvem o comportamento suicida e o suicídio em si, maiores serão as chances de atuarmos com eficiência em sua prevenção”, explica o dr. Cais.
8. Promover o treinamento de equipes de saúde e indivíduos-chave, como lideranças das comunidades.
O modo como as equipes de saúde recebem os pacientes que tentaram o suicídio pode ser crucial para evitar que o mesmo paciente venha a tentar cometer o ato novamente.
4. Identificar e reduzir a disponibilidade e o acesso aos meios para se cometer o suicídio.
“Países que adotaram medidas para dificultar o acesso a medicamentos, armas de fogo e pesticidas, meios que costumam ser usados em tentativas de suicídio, conseguiram reduzir suas taxas”, revela o dr. Cais.
5. Aumentar o conhecimento através da educação pública sobre doenças mentais e seu reconhecimento precoce.
Esse é um ponto bastante importante, pois quanto mais cedo as pessoas souberem reconhecer os sinais e sintomas de um transtorno mental, maiores suas chances de buscar ajuda precocemente. Nesse sentido, a divulgação correta de informações em escolas, centros de saúde e em veículos de comunicação é extremamente importante.
6. Auxiliar a mídia sobre como noticiar suicídios.**
“Há um consenso entre especialistas de que o fenômeno do suicídio sofre contágio pela mídia e de que há maneiras pelas quais ele não deva ser retratado. Por exemplo, ele não deve ser romantizado nem devemos revelar detalhes sobre o ato, mas é importante divulgar serviços de atendimento”, afirma o dr. Tófoli.
7. Incentivar a pesquisa na prevenção de suicídio.
“Quanto mais soubermos a respeito dos fatores que envolvem o comportamento suicida e o suicídio em si, maiores serão as chances de atuarmos com eficiência em sua prevenção”, explica o dr. Cais.
8. Promover o treinamento de equipes de saúde e indivíduos-chave, como lideranças das comunidades.
O modo como as equipes de saúde recebem os pacientes que tentaram o suicídio pode ser crucial para evitar que o mesmo paciente venha a tentar cometer o ato novamente.
Por outro lado, se o paciente não for acolhido, encaminhado para serviços especializados e devidamente acompanhado, o risco de que ele venha a tentar se matar outra vez aumenta consideravelmente.
Desse modo, é importante treinar os profissionais e equipes que lidam diretamente com pessoas que tenham comportamento suicida.
9. Promover o suporte para familiares, amigos e pessoas próximas de indivíduos que faleceram por suicídio.
Não é fácil lidar com casos de suicídios. Há muito estigma envolvido, e é comum que as pessoas próximas tenham sentimentos contraditórios, como raiva e culpa. Parentes de pessoas que se mataram também podem apresentar risco maior de se suicidar, portanto devem ser acompanhados.
* Dados do “Relatório sobre prevenção do suicídio”, da OMS (2014) – em inglês:http://bit.ly/1oJ6vjJ
** Recomendações para a mídia (em inglês)http://bit.ly/2b6Qzud
“Manual de Imprensa da Associação Brasileira de Psiquiatria”: http://bit.ly/2eXEz4l
“Prevenção do suicídio: Um manual para profissionais de saúde em atenção primária”(OMS): http://bit.ly/2gV38f7
CVV – Centro de Valorização da Vida
site: http://www.cvv.org.br/
telefone: 188
Desse modo, é importante treinar os profissionais e equipes que lidam diretamente com pessoas que tenham comportamento suicida.
9. Promover o suporte para familiares, amigos e pessoas próximas de indivíduos que faleceram por suicídio.
Não é fácil lidar com casos de suicídios. Há muito estigma envolvido, e é comum que as pessoas próximas tenham sentimentos contraditórios, como raiva e culpa. Parentes de pessoas que se mataram também podem apresentar risco maior de se suicidar, portanto devem ser acompanhados.
* Dados do “Relatório sobre prevenção do suicídio”, da OMS (2014) – em inglês:http://bit.ly/1oJ6vjJ
** Recomendações para a mídia (em inglês)http://bit.ly/2b6Qzud
“Manual de Imprensa da Associação Brasileira de Psiquiatria”: http://bit.ly/2eXEz4l
“Prevenção do suicídio: Um manual para profissionais de saúde em atenção primária”(OMS): http://bit.ly/2gV38f7
CVV – Centro de Valorização da Vida
site: http://www.cvv.org.br/
telefone: 188
Nenhum comentário:
Postar um comentário