segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

ESTRATÉGIA DO PLANALTO É MANTER CUNHA COMO "VILÃO" DO IMPEACHMENT



Charge de Mariano (reprodução de Charge Online)




















O Planalto e o PT pretendem continuar rivalizando sobre o impeachment com Eduardo Cunha, ainda que o peemedebista seja apeado da presidência da Câmara no ano que vem. Para auxiliares de Dilma Rousseff, ter transformado o deputado em vilão da narrativa vem dando resultado. A ideia é enfatizar que o pedido nasceu como fruto de um “pecado original” e que, contaminado desde o princípio, não tem legitimidade mesmo que Cunha já não esteja à frente do processo formalmente.
A tropa de Cunha já prepara o discurso para que o vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), puxe para si a decisão de anular ou não o processo do peemedebista no Conselho de Ética — em alternativa a deixar o recurso correr na Comissão de Constituição e Justiça.
A ideia é argumentar que, antes da publicação do acórdão do Supremo sobre o formato da escolha do comando das comissões na Câmara, a CCJ não poderá deliberar sobre o tema. Assim, Maranhão teria legitimidade para decidir sozinho.
O comando da CCJ em 2016, aliás, deve ser um dos principais cavalos de batalha na volta do recesso. Pelo acordo firmado para a eleição de Cunha, a presidência no ano que vem ficará com o PMDB. Se Leonardo Picciani (RJ) seguir como líder da bancada, haverá briga entre a ala governista e os aliados do presidente da Câmara.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – A estratégia do Planalto tem funcionado muito bem na mídia, nas ruas e até no Supremo, onde o ministro Luís Roberto Barroso usou uma afirmação mentirosa para convencer outros ministros a acompanharem seu voto. “Considero, portanto, que o voto secreto foi instituído por uma deliberação unipessoal e discricionária do presidente da Câmara no meio do jogo”, disse Barroso, levianamente. O voto secreto é uma das tradições do Legislativo e foi criado para amenizar pressões que o Executivo possa fazer sobre os congressistas, exatamente como está acontecendo agora. Cunha nem era nascido quando o voto secreto foi implantado. (C. N.)

28 de dezembro de 2015
Natuza Nery
Folha

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