domingo, 19 de outubro de 2014

GOVERNO ESCONDE QUE NÚMERO DE MISERÁVEIS AUMENTOU

        

 
Um diretor do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) decidiu se afastar do cargo após a cúpula do órgão impedir a publicação, no período eleitoral, de um estudo inédito sobre a evolução no número de miseráveis no governo Dilma Rousseff. Herton Araújo, titular da diretoria de Estudos e Políticas Sociais, colocou seu cargo à disposição por não concordar com a decisão da cúpula.
 
Conforme a Folha de S.Paulo revelou no último dia 11, o instituto, ligado à Presidência da República, não publicará até o final do segundo turno sua tradicional avaliação dos microdados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) 2013. Ele argumenta que a publicação fere a lei eleitoral.
 
Essa avaliação mostraria se o número de pobres e miseráveis subiu ou diminuiu no ano passado. O estudo ganha especial importância pois erradicar a miséria foi uma das principais promessas da administração Dilma Rousseff.

Usando a mesma base de dados, pesquisadores independentes chegaram à conclusão que, pela primeira vez desde 2003, a miséria parou de cair em 2013, como mostrou a reportagem da Folha de S.Paulo.

De acordo com um estudo produzido pelo Iets (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade), organização sem fins lucrativos que reúne alguns dos principais estudiosos da pobreza no país, houve no ano passado um pequeno aumento no número de brasileiros indigentes.

Ele saiu de 5,8% da população em 2012 (10,9 milhões de pessoas) para 6% da população (11,1 milhões de pessoas). Como a diferença é pequena, ainda mais em uma pesquisa feita por amostragem, os pesquisadores preferem portanto falar em estagnação.

Em relação ao número total de pobres, a tendência de queda foi mantida, também por uma diferença modesta: de 18% em 2012 (33,6 milhões de pessoas) para 17% (31,7 milhões de pessoas) da população.

Os critérios do Iets para definir miseráveis e pobres são diferentes dos adotados pelo governo, mas nos últimos anos têm mostrado trajetórias semelhantes. Para o Ministério do Desenvolvimento Social, que administra o Bolsa Família, miseráveis e pobres são os que vivem em famílias de renda per capita abaixo de R$ 77 e R$ 154 por mês, respectivamente. Já o Iets usa linhas de R$ 123 e R$ 246.

19 de outubro de 2014
Deu na Folha

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